Empreendedor da Amazônia é eleito uma das 30 lideranças sustentáveis no planeta por criar ‘Feira Digital’

Macaulay Souza e um dos sócios, Daniel Bandeira, que é o gerente de Operações do Onisafra (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Luciana Bezerra – Da Revista Cenarium

MANAUS – Macaulay Souza Abreu, de 26 anos, se tornou um dos jovens empreendedores de maior destaque de sua geração. Em 2018, fundou a Onisafra, plataforma que conecta produtores da agricultura familiar a consumidores, com uma feira digital. Ele foi o único da América Latina a ter o nome citado na revista americana GreenBiz como uma das 30 jovens lideranças que estão implementando mudanças sustentáveis no planeta. O empreendedor falou, neste sábado, 11, com a REVISTA CENARIUM sobre a conquista.

Para Macaulay, o título, publicado em junho passado, enaltece a região Amazônica. “Não esperava ser reconhecido quando criei a plataforma. Mas isso, envolve muitas pessoas, muitos parceiros e o resultado desse reconhecimento é coletivo. Sem dúvida, é uma responsabilidade muito grande. É importante termos essa representatividade em espaços como esses porque mostra que a região Amazônica não é tão atrasada como pensam. Nossa região tem potencial de criar empresas grandes para operarem em várias regiões do País ou apenas resolver problemas locais”.  

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A lista dos empreendedores sustentáveis é divulgada anualmente e, já está em sua 5ª edição. Em 2020, além do líder brasileiro, jovens de outros seis países despontam em diversas áreas, todos com menos de 30 anos.

Com base em uma pesquisa global, o GreenBiz mapeia líderes emergentes de todo mundo com atuação em setores que estão moldando uma próxima geração de negócios sustentáveis.

Os jovens foram indicados pelos leitores do site do grupo e selecionados por sua equipe editorial, entre centenas de indicados, como líderes que estão impulsionando importantes mudanças em suas áreas de atuação.

Além de frutas, hortaliças e alimentos naturais
de agricultores, feirantes e hortifrutis, o Onisafra oferece também, itens da cesta básica a preços diferenciados (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

O início de tudo

Atualmente, engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia Tropical pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o jovem empreendedor idealizou o negócio, em 2015, mas a motivação surgiu ainda na infância, quando via as dificuldades do setor Agrícola e dos pais, agricultores. 

Aos 14 anos, Macaulay Souza, deixou a cidade de Borba (a 149 quilômetros de Manaus), no interior do Amazonas, em busca de oportunidades na cidade grande. Na mala, trouxe muitos sonhos, entre eles, o de criar uma solução voltada para ajudar a agricultura familiar a escoar a produção que eliminasse intermediários e ligasse os produtores diretamente ao consumidor final e também, que garantisse alimento de qualidade e com preço justo para os produtos. 

Segundo Macaulay, apesar da ideia ter iniciado em 2015, a plataforma só começou a operar em definitivo, em 2019, mas a proposta é expandir o negócio ainda mais.

“Nosso modelo de negócios foi criado para otimizar todos os processos logísticos e de venda direta, mas achamos que precisamos dar mais consistência, por isso estamos nos preparando para crescer ainda mais”. Desenvolvemos uma ferramenta ao longo desse processo baseado muito do que tínhamos de retorno, tanto dos fornecedores quantos dos consumidores”. 

Atualmente, o aplicativo tem dez colaboradores, entre sócios, funcionários diretos e indiretos e, mais de 400 pessoas, entre assinantes e consumidores avulsos, que compram por meio do Onisafra todos os meses. A plataforma trabalha com diversas cadeias de agricultores, como feirantes e redes de produtos beneficiados, como chocolate, tapioca, que utilizam a matéria-prima local para produzir o alimento.

“Hoje, o Onisafra é uma feira digital, onde o cliente, sem sair de casa, recebe confortavelmente, os produtos escolhidos através da plataforma. Quem define os preços dos produtos são os feirantes e, na maioria da vezes, os produtos são mais baratos do que em uma feira ou supermercado físico”.

Macaulay informou ainda que a monetização do aplicativo não é baseada na taxa de entrega, essa, é repassada integralmente para os produtores ou para o entregador responsável pela corrida. 

“Ganhamos uma monetização de uma taxa que é até 20% sobre os produtos vendidos pela plataforma. Não cobramos, sobre essa taxa porque estamos procurando reduzir os custos, mas mesmo assim garantir, que aquele entregador receba o valor justo pelo trabalho. Nossa ideia é desenvolver uma cadeia justa e transparente para que todos os envolvidos ganhem de forma integrada pela atividade que está desenvolvendo dentro da plataforma”.

Sobre a pandemia

Antes da pandemia, a plataforma vendia aproximadamente, 70 cestas por mês. Com a pandemia, os empreenderes perceberam um aumento significativo após o fechamento do comércio. Em apenas um mês, os pedidos atingiram 140 em relação ao mês anterior, elevando um aumento de 100% no faturamento. Macaulay não sabe quais serão os desafios no pós-pandemia, no entanto, segue confiante.

“Ainda não sabemos como serão as vendas após a flexibilização do comercio, pois as pessoas já podem sair de casa e as feiras voltaram a funcionar. Vamos esperar para ver como será o comportamento do consumidor, que certamente ainda é tímido, em relação a pandemia”.

Expectativas para o futuro

A Expectativa é expandir o negócio para outros estados brasileiros no segundo semestre de 2020. As primeiras cidades a serem incluídas na plataforma serão Belém e São Paulo.

“Já estamos negociando com parceiros para expandir o negócio. Com esse conceito de startup conseguimos operar em outras cidades sem necessariamente abrir um escritório lá. Podemos fazer isso apenas criando uma rede de parceiros porque o nosso trabalho é remoto. Este ano ainda vamos lançar uma ação de teste para ver o resultado e em seguida, aplicarmos em definitivo, em 2021”.

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