Empresa investe 15 milhões de dólares para recriar mamute de 10 mil anos

Ilustração reproduz mamutes, extintos há milhares de anos (Divulgação/Museu da História Natural de Londres)
Com informações do Infoglobo

RIO — Um investimento de 15 milhões de dólares no projeto que pretende recriar os mamutes, extintos há dez mil anos, e introduzi-los de volta na natureza foi anunciado na segunda-feira, 13. O objetivo inicial dos cientistas é criar um híbrido de elefante-mamute a partir de embriões em laboratórios que carreguem DNA do mamute-lanoso. A empresa responsável pelo financiamento é a especializada em biogenética Colossal, fundada por Ben Lamm, um empresário de tecnologia e software, e George Church, um professor de genética na Faculdade de Medicina de Harvard.

Segundo o jornal The Guardian, o ponto inicial do projeto envolve pegar células da pele do elefante-asiático — espécie atualmente ameaçada de extinção — e reprogramá-las em células-tronco mais versáteis que carreguem o DNA do mamute-lanoso. Os genes utilizados da espécie extinta são especialmente os associados ao pelo, às camadas de gordura isolantes e a outras adaptações para o clima frio.

Depois, esses embriões serão desenvolvidos em barrigas de aluguel ou em úteros artificiais. Se tudo ocorrer como o planejado, os pesquisadores responsáveis esperam ter seu primeiro par de híbridos daqui a seis anos.

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“Nosso objetivo é fazer um elefante resistente ao frio, mas que vai parecer e se comportar como um mamute. Não porque estamos querendo enganar alguém, mas porque queremos algo que seja funcionalmente equivalente ao mamute, que aproveite o tempo a -40ºC, e que faça todas as coisas que elefantes e mamutes fazem”, explicou Church ao The Guardian.

Divergências na comunidade científica

O projeto já é discutido há alguns anos, mas seu recente investimento milionário pode finalmente tirá-lo do papel. Para os responsáveis, trata-se de um esforço para ajudar na conservação de elefantes-asiáticos. Com as mudanças genéticas para resistir ao frio, a espécie poderia viver em regiões do Ártico antes habitadas pelos mamutes.

Mas os cientistas também acreditam que a introdução dos híbridos de elefante-mamutes na Tundra Ártica poderia ajudar a recuperar o habitat degradado e combater alguns impactos das mudanças climáticas.

No entanto, nem todos os especialistas da área consideram que a criação do híbrido em laboratório seria a forma mais eficiente de recuperar a Tundra. É o que pensa a bióloga evolucionista do Museu de História Natural, Dra. Victoria Herridge:

“Meu pensamento pessoal é que as justificativas dadas, a ideia de que você poderia recuperar o Ártico usando uma série de mamutes, não é (algo) plausível. A escala em que você teria que fazer esse experimento é enorme. Você está falando sobre centenas de milhares de mamutes, cada um levando 22 meses para gestar e 30 anos para crescer até a maturidade”, explica a cientista ao The Guardian.

O professor de ecologia de plantas e mudanças globais na Universidade de Sheffield, na Inglaterra, Gareth Phoenix, acredita que, embora as abordagens diferentes para impedir as mudanças climáticas sejam importantes, as soluções têm de ser criadas de forma responsável para evitar consequências prejudiciais não intencionais.

“Por exemplo, os mamutes são propostos como uma solução para ajudar a impedir o degelo do permafrost porque eles removerão árvores, pisarão e compactarão o solo e converterão as paisagens em pastagens, o que pode ajudar a manter o solo fresco. No entanto, sabemos que, nas regiões arborizadas do Ártico, as árvores e a cobertura de musgo podem ser essenciais para proteger o permafrost. Portanto, remover as árvores e pisar no musgo seria a última coisa que você gostaria de fazer”, destaca o professor ao jornal.

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