Empresa investigada pela PGR mantém contrato de R$ 123 milhões na COP30


Por: Bianca Diniz

11 de agosto de 2025
Empresa investigada pela PGR mantém contrato de R$ 123 milhões na COP30
O contrato de R$ 123 milhões é financiado com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Composição: Sâmila Magalhães/CENARIUM)

MANAUS (AM) – Uma empresa vinculada a Andrea Dantas, esposa do deputado federal Antônio “Doido” Leocádio dos Santos (MDB-PA), mantém ativo um contrato de R$ 123 milhões com o Governo do Pará, mesmo sob investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de corrupção em licitação da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). As informações foram publicadas pelo portal Metrópoles nesta segunda-feira, 11.

O acordo, firmado em agosto de 2023, envolve obras de adequação dos canais Bengui, Nova Marambaia e Rua das Rosas, em Belém, como parte das intervenções urbanísticas preparatórias para o evento que será sediado na capital paraense em novembro deste ano.

Obras de macrodrenagem da COP30 nos canais do Benguí e Marambaia, localizados na Bacia do Una, em Belém (PA) (Reprodução/Agência Pará)

De acordo com a PGR, Antônio Doido, Andrea Dantas, o tenente-coronel da Polícia Militar do Estado do Pará (PM-PA) Francisco Galhardo e o secretário de Obras Públicas do Pará, Ruy Cabral são investigados por suspeita de participação em uma organização criminosa ligada a fraudes em licitações e desvio de recursos públicos. Conversas encontradas no celular do policial, detido em outubro de 2024, indicam que o grupo atuava em conjunto para assegurar contratos milionários ligados à COP30.

Deputado Antônio Doido ao lado da esposa Andrea Dantas e do secretário Ruy Cabral (Reprodução/Redes Sociais)

O contrato de R$ 123 milhões, financiado com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), está em andamento e prevê a recuperação e adequação dos canais localizados no bairro Mangueirão, região com histórico de alagamentos recorrentes. Segundo o Portal da Transparência do Governo do Pará, cerca de 87% das obras já foram executadas.

A investigação teve início após a prisão do PM Galhardo com R$ 5 milhões em espécie durante uma operação da Polícia Federal (PF) em Belém, em outubro de 2024. A análise do celular do policial revelou mensagens que indicam um esquema de corrupção envolvendo licitações ligadas à COP30, incluindo contatos diretos com o secretário Ruy Cabral.

Tenente-coronel Francisco Galhardo, da PM-PA, e quantia apreendida pela Polícia Federal durante a operação (Reprodução/Rede Sociais)

Em fevereiro de 2025, a PGR formalizou o pedido de abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Flávio Dino. No documento, a Procuradoria aponta indícios de organização criminosa formada por agentes públicos e particulares, com suspeitas de crimes como corrupção ativa e passiva e desvio de recursos públicos. O processo corre sob sigilo, mas documentos obtidos pela imprensa confirmam as denúncias.

Em nota encaminhada ao Metrópoles, que teve acesso aos documentos sigilosos do caso, o Governo do Estado do Pará afirmou que os processos licitatórios envolvendo as empresas J.A Construcons e JAC Engenharia, ambas vinculadas ao deputado Antônio Doido, foram conduzidos em conformidade com a legislação vigente e respeitando todos os trâmites legais.

A administração estadual ressaltou que a licitação alvo da investigação foi cancelada em janeiro de 2025 por “razões técnicas” devidamente justificadas, que não foi oficialmente comunicada sobre quaisquer investigações relacionadas e garantiu que, caso seja notificada, ativará seus mecanismos internos para colaborar integralmente com as autoridades.

O Governo do Pará também destacou que mantém rígidos controles internos para assegurar a legalidade e a ética nos processos administrativos e licitatórios, reforçando que todas as ações são conduzidas com observância aos princípios da moralidade, publicidade e eficiência. Em relação às empresas investigadas, a gestão estadual afirmou que continuará acompanhando de perto o andamento das apurações e que tomará as medidas cabíveis para garantir a correta aplicação dos recursos públicos e a plena lisura das obras vinculadas à COP30.

A CENARIUM solicitou ao Governo do Pará posicionamento oficial sobre o contrato e o andamento das obras mencionadas.

Leia mais: Preços altos para COP30 seguem sem explicação dos hotéis
Editado por Adrisa De Góes

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