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Empresários investigados por financiar atos extremistas doaram ao menos R$ 1 milhão para campanha de Bolsonaro
Bolsonaristas fazem manifestação em frente ao QG em Brasília. (Valter Campanato/ Agência Brasil)
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18 de novembro de 2022
Da Revista Cenarium (*)
MANAUS – Pelo menos 16 alvos do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes no inquérito que investiga o financiamento e apoio a atos antidemocráticos doaram dinheiro para a campanha de Jair Bolsonaro (PL).
Em decisão do último sábado, 12, Moraes mandou bloquear contas bancárias ligadas a 43 pessoas e empresas suspeitas de envolvimento com os protestos que questionam o resultado das eleições e pedem um golpe militar no país.
Ao todo, as doações feitas por esses investigados atingiram R$ 1,04 milhão. Bolsonaro foi o campeão de doações privadas neste ano, com R$ 88,2 milhões recebidos de pessoas físicas. Muitos desses repasses saíram do agronegócio, setor do qual vem parte significativa dos alvos de Moraes.
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As manifestações pedem um golpe das Forças Armadas para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu as eleições deste ano com 50,9% dos votos válidos no primeiro turno, contra 49,1% de Bolsonaro.
A maior doação entre os atingidos pela decisão de Moraes foi feita por Atilio Rovaris, sócio da Transportadora Rovaris. Ele repassou sozinho R$ 500 mil para a campanha de Bolsonaro.
Rovaris chegou a se encontrar com Bolsonaro em 21 de maio, quando participou de um almoço de empresários do agronegócio com o presidente. A doação para a campanha presidencial foi feita em 11 de outubro, no segundo turno das eleições.
A investigação identificou seis caminhões da sua empresa na manifestação que ocorre em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília (DF). Há pessoas acampadas no local desde pouco depois do segundo turno e há uma grande área reservada para caminhões estacionarem.
A segunda maior doação foi feita por Ilo Pozzobon, sócio da Fermap Transportes, outro alvo de Moraes no inquérito que investiga os financiadores dos atos antidemocráticos.
Ele doou R$ 122 mil para Bolsonaro em três remessas diferentes. A primeira, em 13 de setembro, foi de R$ 2,2 mil. Depois, em 11 de outubro, foram mais R$ 22,2 mil. A maior doação aconteceu nas vésperas do segundo turno, em 26 de outubro, quando o empresário transferiu R$ 97,8 mil para a campanha.
Procurado, Pozzobon não quis se pronunciar. A Fermap Transportes tinha dois de seus caminhões na manifestação em frente ao QG do Exército.
A terceira maior doação foi de R$ 100 mil, feita por Sergio Bedin em duas transferências de R$ 50 mil —uma para o primeiro turno e outra para o segundo. Bedin é um alvo direto da operação, ao contrário dos dois primeiros casos nos quais as empresas foram citadas.
Um veículo de Bedin é mencionado na investigação. O empresário não respondeu a questionamentos feitos pela reportagem.
Ao todo, 234 caminhões são listados pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Eles foram identificados a partir do “monitoramento preventivo da segurança pública e não relacionadas a infrações de trânsito cometidas”.
Na decisão de Moraes, o ministro aponta que as manifestações nas quais caminhoneiros bloquearam diversas rodovias “não podem obstar o exercício, por parte do restante da sociedade, dos demais direitos fundamentais, configurando-se claramente abusivo o exercício desses direitos que impeçam o livre acesso das demais pessoas aos aeroportos, rodovias hospitais, por exemplo“.
Em 2 de novembro, três dias depois de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sacramentar Lula como o vencedor das eleições, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) já tinha desfeito 631 pontos de bloqueio.
No mesmo dia, Bolsonaro fez um pronunciamento em vídeo no qual pediu para que as interdições em estradas fossem desfeitas. Ele não condenou, entretanto, o tom antidemocrático dos atos e chegou a dizer que “os protestos, as manifestações são muito bem-vindas. Fazem parte do jogo democrático“.
A PRF foi acusada de leniência em lidar com os bloqueios. Parte das acusações se deve ao fato de, no dia do segundo turno, a PRF organizar operações sobretudo no Nordeste —bastião eleitoral de Lula— vistas como tentativas de supressão do direito a voto.
O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, que no dia do segundo turno fez uma postagem em favor de Bolsonaro, é investigado pela possibilidade de ter usado a corporação para o benefício de um candidato.
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