Encontro virtual ‘Protagonistas da Amazônia’ discutiu realidade e desafios das mulheres amazônidas
08 de março de 2021

Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – No Dia Internacional da Mulheres, comemorado nesta segunda, 8 de março, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), realizou o debate virtual “Protagonistas da Amazônia”, com transmissão ao vivo pelo canal no YouTube (www.youtube.com/fasamazonia). O encontro reuniu lideranças femininas que atuam na linha de frente para a construção de uma nova realidade sustentável na região amazônica.
Entre as mulheres participaram a superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS, Valcléia Solidade, a consultora de Gênero e Diversidade da FAS, Giselle Mascarenhas; a coordenadora da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN Amazônia), Carolina Ramírez Méndez; a supervisora de Políticas Públicas e Cooperação Internacional da FAS, Letícia Cobello.

Além das integrantes da fundação, outras representantes também fizeram parte da mesa debatedora. Entre as convidadas estão a ativista indígena Samela Sateré Mawé; a presidente da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estado do Amazonas (Assotram), Joyce Gomes; e a líder comunitária da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, Izolena Garrido.
Empoderamento
A reunião vem de uma provocação. A FAS desenvolve em parceria com a organização Think Olga, o projeto “Engajamento social para impulsionar o empoderamento das mulheres contra a violência de gênero”. O projeto é um estudo sobre violência de gênero e o papel da mulher nas comunidades Tumbira, Saracá e Santa Helena do Inglês, situadas no Rio Negro. O levantamento leva em consideração fatores geográficos, geração de renda, lazer e diversão, acesso à informação e dinâmica social interna.
“É um projeto sobre empoderamento feminino. A ideia é fazê-las entender as violências que sofrem, além da física. Mostrar possibilidades de liberdade e autossuficiência. Pois, não é do dia pra noite que se sai de uma situação de abuso. Mas é importante identificar e avistar saídas”, afirma a consultora do projeto, Giselle Mascarenhas.
Entre as informações e conclusões coletadas para a discussão, estão as de que as perspectivas de geração de renda são maiores para os homens e as mulheres ficam limitadas ao papel de cuidar da família e do lar. Essa realidade não é difere das comunidades mundo afora: segundo estudo da ONG Oxfam, mulheres fazem 75% de todo o trabalho de cuidados não remunerado. A falta de remuneração é uma agressão já que limita a autonomia e diminui a autoestima.

Mudança
Para dar protagonismo feminino dentro das comunidades, a FAS criou o ‘Bolsa Floresta Familiar’, programa de incentivo ao envolvimento das famílias moradoras das Unidades de Conservação (UCs). O incentivo vem sob a forma de transferências mensais de R$ 50. Os pagamentos do programa são feitos diretamente para as mulheres representantes de cada família e visam estimular o envolvimento decisório familiar e social.
De acordo com a superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS, Valcléia Solidade, o intuito é incluir as mulheres no processo de gestão financeira. “O recurso é direcionado para a mulher porque entendemos que ela tem esse olhar mais claro do que é necessário para a família. Também é uma forma de empoderá-las e valorizá-las, principalmente no interior, onde ainda é muito forte a questão do patriarcado”, observou a gestora.