Militares que preferem não se identificar fazem circular entre grupos restritos que a apresentação do presidente Jair Bolsonaro a embaixadores estrangeiros, questionando as urnas eletrônicas, são apenas retóricas políticas, que não encontram respaldo nas Forças Armadas. Para eles, falar em golpe é descabido, uma vez que os comandantes das tropas estariam mais preocupados em cumprir as suas missões constitucionais.
E o que o presidente ou o ministro da Defesa que exercem cargos políticos falam não refletem o que as forças dizem. Mas, interlocutores ligados ao presidente defenderam a reunião, alegando que Bolsonaro e seu governo são atacados pelos integrantes do TSE e do STF.
Diplomatas e ala política contra
Já a ala do governo ligada à campanha foi contrária ao evento e tentou mostrar ao presidente, sem sucesso, que esta discussão não interessa ao eleitor moderado e indeciso, que precisam ser conquistados para que ele consiga ser reeleito.
Os diplomatas brasileiros e representantes estrangeiros que participaram do encontro com Bolsonaro não foram favoráveis ao governo. E os diplomatas estrangeiros se mostraram surpresos com a explanação, e alguns disseram que, pela falta de apresentação de provas concretas contra o sistema de urnas eletrônicas, deixaram o local sem serem convencidos dessa vulnerabilidade.
Ato pelo sistema eleitoral
Enquanto Bolsonaro reúne embaixadores estrangeiros para repetir suas suspeitas sem fundamento, em relação às urnas eletrônicas, partidos de oposição e representantes da sociedade civil começam a esboçar uma defesa organizada do sistema eleitoral e do resultado das urnas.
O “Direitos Já!” Fórum pela Democracia, grupo que reúne presidentes de 16 partidos de diversas matizes ideológicas (do PSOL ao União) vai promover, no dia 1° de agosto, no Rio, um ato em defesa da Justiça Eleitoral com a presença de apoiadores de Lula e também de Simone Tebet.
Frente ampla
Confirmaram presença, até agora, Roberto Freire e Bruno Araújo, presidentes do Cidadania e do PSDB, siglas que apoiam a senadora do Mato Grosso, e Gleisi Hoffmann, Carlos Siqueira e Juliano Medeiros, presidentes do PT, PSB e PSOL que estão com Lula.
Há a expectativa de participação do PDT, de Ciro Gomes. Além do caráter preventivo em relação às seguidas investidas de Bolsonaro contra o sistema eleitoral e à possibilidade de se repetir, no Brasil, algo parecido com o que ocorreu nos EUA, na posse de Joe Biden, o “Direitos Já!” trabalha para criar um ambiente político favorável à unidade das forças de oposição em um eventual segundo turno contra Bolsonaro.