Enquanto ‘torra’ verba pública em campanha antecipada, Bolsonaro mais uma vez asfixia o AM com decreto mortal

Todas as vezes em que se vê confrontado, sobretudo, por malfeitos em seu governo, o presidente Jair Bolsonaro se vale de duas estratégias para desviar o foco dos fatos e animar seus devotos. Desata a falar mal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e busca mostrar que desfruta de apoio popular. Acossado com o noticiário negativo do balcão de negócios em que se transformou o MEC, Bolsonaro voltou a atacar o TSE, no feriado prolongado, e realizou mais uma motociata com recursos públicos, claramente, uma ação de campanha antecipada. A motociata já gera questionamentos por parte do PT e da oposição na Justiça Eleitoral.

ZFM perde razão de existir

Enquanto o Amazonas acordava com a notícia da publicação do decreto mortal à Zona Franca de Manaus, o presidente passeava em São Paulo justamente com um dos seus públicos mais fiéis que o pressionavam a reduzir tributos para motos importadas. Único polo a fabricar motocicletas no País, a ZFM pode perder, somente neste segmento, 75 mil empregos diretos, sem contar os indiretos, e uma arrecadação na casa dos bilhões para o governo do Estado e prefeituras do interior, cuja receita do ICMS da ZFM responde por 90% da arrecadação dos entes.

Indústria nacional em xeque

Pior é que o problema não se concentra somente no polo de duas rodas. Com a canetada presidencial, que reduziu em 25% o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, mais a queda de 20% do II – Imposto de Importação, sairá mais barato para muitos segmentos importar bens como de informática, eletroeletrônicos e motos – só para citar os mais pujantes do Polo Industrial de Manaus, do que fabricar no Brasil. Em resumo: no médio prazo, perde-se a razão da existência da ZFM, mas perde também parte da indústria nacional, que se converterá em exportadora de empregos para a China.

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Guerra na 3ª via

Candidatos do MDB e do PSDB, Simone Tebet e João Doria, mobilizam suas bases para garantir sua sobrevivência até 18 de maio, quando a chamada terceira via ficou de anunciar chapa única à Presidência. Escolhidos, internamente, por suas siglas, enfrentam resistências pelo baixo desempenho nas pesquisas. Após seguidas declarações ruins à candidatura de Doria, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, foi tirado da coordenação de campanha do paulista. Já Simone Tebet, depois do jantar de emedistas pró-Lula, precisou dar uma demonstração de força, exibindo apoio de 14 diretórios estaduais. Os movimentos expõem a fragilidade das candidaturas de centro.

Câmara pode votar MP 1076

Ainda que o presidente da Câmara, Arthur Lira, não tenha indicado o relator da MP 1076, que aumentou o Auxílio Brasil para R$ 400, em ano eleitoral, é muito provável que a medida seja apreciada nesta semana. A Medida Provisória vence no dia 16 de maio e precisa passar ainda pelo Senado. Como o tempo é curto por conta do feriado de 21 de abril, Lira convocou sessões para a noite de segunda, terça e quarta-feira. Uma das novidades da semana será a volta do sistema presencial: o parlamentar pode votar pelo aplicativo, mas é obrigado a vir ao plenário, em algum momento do dia, e marcar presença, sob o risco de ter o salário descontado.

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