Entenda a relação da sogra de David com empresas contratadas pela Prefeitura de Manaus


Por: Fred Santana

28 de setembro de 2025
Entenda a relação da sogra de David com empresas contratadas pela Prefeitura de Manaus
A sogra do prefeito de Manaus, Lidiane Fontenelle e as logos das empresas Rio Piorini e Murb Manutenções (Reprodução e Prefeitura de Manaus Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

MANAUS (AM) – A sogra do prefeito de Manaus, Lidiane Fontenelle, está no centro de uma crise política envolvendo a gestão de David Almeida (Avante) após a revelação, na quinta-feira, 25, de que ela assinou documentos oficiais como administradora da empresa Murb Manutenção e Serviços Urbanos Ltda., responsável por contratos que somam mais de R$ 300 milhões com a prefeitura entre 2022 e 2025. Na sexta-feira, 26, vereadores da capital amazonense anunciaram que irão apresentar requerimento de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a relação de Lidiane com o empreendimento, além de pedido de impeachment contra David.

Mas essa não é a primeira vez que a mãe da primeira-dama, Izabelle Fontenelle, aparece envolvida em ligações com empreendimentos que são contratados pela administração municipal. Em agosto de 2024, foi revelado que a sogra de David é proprietária da microempresa L.O. Fênix, que emitiu seis notas fiscais, entre novembro de 2023 a abril de 2024, referentes a serviços prestados à construtora Rio Piorini, também beneficiada por contratos com a gestão municipal que ultrapassam R$ 65 milhões.

Da esquerda pra direita, a sogra de David, a esposa dele e o prefeito de Manaus (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

Lidiane Fontenelle abriu a L.O. Fênix em outubro de 2023, com capital social de R$ 15 mil, registrada para prestar serviços de escritório e apoio administrativo. Poucos dias depois, em novembro, a empresa passou a emitir notas fiscais para a Rio Piorini. A empreiteira ampliou a presença nas finanças do município ao renovar o contrato inicial de R$ 32,5 milhões em abril de 2024, elevando o total a R$ 65 milhões.

Entre novembro de 2023 e abril de 2024 foram seis notas, somando R$ 124 mil, com valores mensais próximos a R$ 20 mil cada. As descrições incluíam serviços de consultoria e assessoria empresarial. A coincidência temporal chamou atenção: a primeira nota fiscal foi emitida sete dias após a abertura da empresa, e no mesmo período em que a Rio Piorini assinava contrato milionário com a prefeitura.

Na época em que o caso foi revelado, a CENARIUM noticiou que o endereço da empresa L.O. Fênix está registrado na sala 404 do edifício Corporate Trade, no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul, o mesmo local onde funciona a SKYLine Produções Ltda., empresa da filha de Lidiane, Izabelle Fontenelle, esposa do prefeito David Almeida.

Local onde funciona as empresas da noiva e da sogra de David Almeida (Bruno Sena/CENARIUM)

O mandatário afirmou em entrevistas públicas que todos os processos passaram por licitação e que não possui ingerência sobre contratações realizadas entre empresas privadas. Mesmo assim, a repercussão política levou a Câmara Municipal a instaurar, em setembro de 2024, a chamada “CPI dos Contratos”. A comissão investigaria repasses feitos à empresa de Lidiane e as relações de outras pessoas ligadas a autoridades municipais com prestadores de serviço da administração.

Em setembro do ano passado, a CPI tentou ouvir Izabelle Fontenelle e Lidiane Fontenelle sobre pagamentos feitos por empresas que mantém contratos com a Prefeitura de Manaus para as empresas as quais elas administravam. A cúpula da CPI na Câmara Municipal (CMM) chegou a informar que Izabelle e Lidiane tiveram os nomes aprovados em requerimentos de convite para que as duas comparecessem ao colegiado.

Além delas, o genro de Almeida, Gabriel Alexandre da Silva, também estava entre os convidados a depor na Comissão. A então secretária municipal de Educação, Dulce Almeida, e a titular da pasta de Comunicação, Camila Silva, também chegaram convocadas para prestar depoimento. A justificativa é que o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), foi elemento entre os esquemas de contratos investigados na CPI.

Os depoimentos nunca foram tomados porque uma decisão liminar do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) suspendeu os efeitos dos Atos nº 001 e 002/2024, que haviam instaurado as CPIs da Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) e a dos Contratos. A ação foi movida pelo vereador Dr. Eduardo Assis, então líder do Avante, mesmo partido do prefeito, alegando irregularidades na formação das comissões. O Desembargador Flávio Pascarelli acatou o pedido. Com isso, as CPIs foram impedidas de prosseguir com suas atividades até uma análise completa do mérito da questão, o que não aconteceu até o momento.

Novo pedido de CPI

Na sexta-feira, 26, horas após a revelação da CENARIUM, os vereadores de Manaus Coronel Rosses (PL) e Rodrigo Guedes (Progressistas) afirmaram que pretendem requerer a instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e o impeachment do prefeito David Almeida (Avante) sobre a relação da sogra do mandatário municipal, Lidiane Oliveira Fontenelle, com a empresa Murb Manutenção e Serviços Urbanos Ltda.

Guedes afirmou que o novo caso será juntado a outras suspeitas sobre contratos da gestão municipal com empresas administradas por parentes de David Almeida, e ações deverão ser protocoladas, na semana que vem, no Ministério Público do Amazonas (MP-AM), na Justiça do Estado e no Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM). O vereador também pretende ingressar, na Câmara Municipal, com novo pedido de impeachment do prefeito da cidade.

O vereador observa que o caso não é isolado e se trata do aparelhamento da gestão com a família de David Almeida. “Não são situações aleatórias, não é acaso, são várias situações que deixam muito claro que ele [David Almeida] está agindo pra beneficiar a família, pra se beneficiar. Está colocando parentes na administração pública e nas empresas que recebem da administração pública para canalizar dinheiro pra ele“, declarou Guedes.

O vereador Coronel Rosses confirmou que aguarda a conclusão da inspeção determinada pelo MPC para reunir materialidade antes de protocolar de CPI. “Estou aguardando iniciar esse processo para a gente consiga alguma comprovação de que realmente houve o favorecimento, aí a gente entra com pedido de CPI, e é eu que vou entrar com esse pedido“, explicou.

Leia mais: Sogra de David Almeida administra empresa que recebeu R$ 323 milhões da Prefeitura de Manaus
Editado por Jadson Lima

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