Entenda atuação de ex-CMA em plano para reverter resultado da eleição
Por: Jadson Lima
19 de novembro de 2024
MANAUS (AM) – Os investigadores da Polícia Federal (PF) encontraram em um pendrive, apreendido com o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, uma planilha que revelou detalhes com “informações acerca de um planejamento estratégico do Golpe de Estado” no Brasil. O militar do Exército Brasileiro (EB) foi preso preventivamente nesta terça-feira, 19, no âmbito da Operação Contragolpe, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O pendrive, da marca modelo DT101 G2, foi recolhido pelos agentes federais em fevereiro deste ano, durante buscas realizadas em cumprimento de mandados nos endereços ligados ao militar, no âmbito da Operação Tempus Veritatis.
De acordo com a PF, o documento “trata-se de uma planilha com mais de duzentas linhas de preenchimento”. A peça, diz a investigação, aborda “fatores estratégicos de planejamento, quais sejam: fisiográfico, psicossocial, político, militar, econômico e produção”. Veja trecho:

A decisão que embasou a prisão preventiva do militar e de outras quatro pessoas sustenta que trechos do documento encontrado indicam “planejamento de ruptura institucional em razão, possivelmente, do resultado das eleições presidenciais de 2022”. A planilha também cita o STF como um “fator gerador de instabilidade” no País.
“Foi mencionada diversas vezes a necessidade de neutralização da capacidade de atuação do órgão, sendo dirigida atenção específica para a neutralização da capacidade de atuação do ministro Alexandre de Moraes”, diz um trecho do relatório produzido pela PF, que menciona “robusto detalhamento das etapas de planejamento de ruptura institucional”. Veja documento:

Representação pela prisão
A autoridade policial pediu a prisão preventiva de Hélio Ferreira Lima “considerando o seu perfil e gravidade das condutas praticadas”. Para a investigação, o militar em liberdade “pode colocar em risco a ordem pública e a efetiva coleta de provas em face de outros envolvidos na ação descortinada pelas apurações”.
O pedido de prisão do militar ex-CMA foi sustentado pelos materiais encontrados em aparelhos e dispositivos eletrônicos dele e de outros investigados.
Monitoramento ilegal
A decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes revelou que uma “cronologia as atividades identificadas”. A investigação policial sugere que os levantamentos iniciais em “‘pontos de interesse’, relacionados” ao ministro do STF Alexandre de Moraes” pode “ter contado com levantamentos realizados por Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira”.
O magistrado era alvo um dos alvos do plano que previa a execução dele “com uso de artefato explosivo ou por envenenamento ou por envenenamento em evento oficial público”.
“[O investigado] possui indícios de que teria participado, de atividades relacionadas ao monitoramento para prisão/execução do ministro Alexandre de Moraes no mês de novembro de 2022”, diz a decisão. Veja:

Alvo de operação
O tenente-coronel Helio Ferreira Lima fia havia sido alvo de uma ação de busca e a apreensão em 8 de fevereiro deste ano, no âmbito da Operação Tempus Veritatis. Na ocasião, as investigações já citavam o militar como integrante do núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral. Ele era responsável pela produção, divulgação e amplificação de notícias falsas relacionadas às eleições de 2022, segundo a PF.
O militar do Exército Brasileiro foi exonerado do cargo após aquela operação policial. A decisão, datada de 8 de fevereiro, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) da edição do dia 14 daquele mês. O tenente-coronel comandou a 3ª Companhia de Forças Especiais de Manaus entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, tendo remuneração bruta em novembro daquele ano no valor de R$ 27 mil, conforme dados do Portal da Transparência.