Entenda como campanha com atriz Sydney Sweeney reacendeu debate sobre eugenia
Por: Adrisa De Góes
11 de agosto de 2025
MANAUS (AM) – A atriz Sydney Sweeney, conhecida por seu trabalho em séries como “Euphoria”, teve o nome associado a uma campanha publicitária que gerou controvérsia. A publicidade foi alvo de críticas por uma possível alusão à eugenia, teoria pseudocientífica que propõe a “melhoria” da espécie humana por meio de práticas seletivas, frequentemente relacionada a questões raciais e discriminatórias.
A eugenia, termo que ganhou força no final do século XIX e início do século XX, baseava-se na ideia de que características genéticas consideradas “indesejáveis” poderiam ser eliminadas ou reduzidas por meio da reprodução controlada. Essa teoria influenciou políticas públicas de esterilização forçada e segregação em vários países, com consequências desastrosas, principalmente para grupos marginalizados.
O paleontólogo Stephen Jay Gould, autor do livro The Mismeasure of Man, foi um dos principais críticos da eugenia, desconstruindo as bases pseudocientíficas usadas para justificar desigualdades raciais. Já o geneticista Richard Lewontin destacou a variação genética humana como prova da falsidade das teorias raciais que sustentavam a eugenia.

Historiadores como Daniel J. Kevles e Paul Lombardo documentaram como as políticas de esterilização compulsória nos Estados Unidos foram um dos instrumentos mais cruéis dessa teoria. A pesquisadora Nancy Ordover ressalta que a eugenia não é apenas um capítulo do passado, mas uma ideologia que pode ressurge de forma velada nas políticas públicas.
Campanha publicitária
A campanha publicitária que envolveu Sydney Sweeney apresentava mensagens e símbolos que muitos interpretaram como uma tentativa velada de legitimar padrões excludentes, o que provocou debates acalorados sobre raça, ética e responsabilidade social no marketing. A repercussão foi intensa, com usuários questionando a adequação do conteúdo e o impacto de tais mensagens em um momento em que as discussões sobre diversidade e inclusão ganham destaque globalmente.

Em resposta às acusações, a atriz e a American Eagle, marca envolvida na campanha, emitiram notas oficiais e negaram qualquer intenção de promover ideologias discriminatórias ou eugênicas. Eles afirmaram que a mensagem da campanha foi mal interpretada e que o objetivo era abordar temas de autocuidado e autoaperfeiçoamento, sem qualquer conotação política ou científica. A defesa também ressaltou o compromisso da marca com a diversidade e a inclusão.

Associação a Trump
A controvérsia ganhou contornos políticos após virem à tona relatos sobre a proximidade de Sydney Sweeney com integrantes do Partido Republicano e com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo informações divulgadas após a veiculação da campanha publicitária, a atriz estaria filiada à legenda desde 2024.
No domingo último dia 3 de agosto, Trump comemorou a notícia da possível filiação da atriz. O partido liderado por ele representa a direita conservadora no país americano.
“Agora eu adoro o comercial dela. É mesmo? É a Sydney Sweeney? É. Você ficaria surpreso com quantas pessoas são republicanas. Essa eu não sabia. Mas fico feliz que você me contou isso. Se Sydney Sweeney é uma republicana registrada, acho o comercial dela fantástico”, disse o presidente.