Entenda por que homem negro foi denunciado por injúria racial em Alagoas
18 de janeiro de 2024
Homem negro leva as mãos ao rosto em sinal de tristeza (Reprodução/Freepik)
Da Revista Cenarium Amazônia*
SÃO PAULO (SP) – O Ministério Público em Alagoas (MPAL) denunciou um homem negro pela suposta prática de racismo contra um cidadão italiano. Segundo o Ministério Público, em uma conversa por mensagens de celular, o denunciado afirmou que o homem que se apresenta como vítima de racismo tinha “cabeça europeia branca escravagista”.
A promotora Hylza de Castro afirma que houve prática do crime de injúria racial na situação. Em janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que equipara a injúria racial ao racismo.
Fachada do Ministério Público em Alagoas (Reprodução/MPAL)
Conforme a denúncia, a discussão está inserida em uma série de disputas entre os dois, incluindo desentendimentos sobre a venda de parte de um terreno.
Distorção
Para o advogado do Núcleo de Advocacia Racial do Instituto do Negro de Alagoas, Pedro Gomes, que acompanha o caso, a denúncia distorce a legislação sobre racismo. “As ações discriminatórias que são abarcadas na lei são contra pessoas ou contra um grupo de pessoas que, posta a condição de proveniência geográfica, de etnia, de cor ou de religião, sofrem algum tipo de tratamento discriminatório que outras pessoas não sofrem por razão de sua cor”, explicou.
No caso dos italianos ou de outros povos e etnias que não têm histórico de discriminação, não há, na avaliação de Gomes, como existir o crime de racismo. “Ela [Lei 14.532] delimita muito bem claro que não tem, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, como existir racismo reverso”, enfatiza o advogado.
Segundo Gomes, o Instituto do Negro recebeu com “perplexidade” a denúncia e vai trabalhar pelo arquivamento da ação. “Não é possível ver uma lei que é tão importante para o povo negro e tão importante para o povo brasileiro, como um todo, ser deturpada a ponto de você punir, você tentar, agora, punir as vítimas e proteger os agressores”, afirmou.
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