Início » Meio Ambiente » Entenda por que mulheres e crianças são mais afetadas pelas crises climáticas
Entenda por que mulheres e crianças são mais afetadas pelas crises climáticas
Mulher com criança no colo durante estiagem em Manaus (Foto: Ricardo Oliveira/Cenarium)
Compartilhe:
10 de junho de 2024
Isabella Rabelo – Da Revista Cenarium*
MANAUS (AM) – Segundo dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), 72% das pessoas que vivem em condições de extrema pobreza no mundo hoje são mulheres. Essa vulnerabilidade social é o principal fator que faz com que esse grupo esteja mais exposto aos eventos da emergência climática iminentes na atualidade.
A bióloga especialista em mudanças climáticas e políticas públicas Renata Ilha explicou mais sobre esses dados e pontuou uma série de elementos que estão diretamente relacionados aos fatos apurados, destacando a desigualdade financeira das mulheres em relação aos homens.
“Para entender como esse grupo se torna o grupo mais vulnerável, a gente tem que entender algumas questões estruturais. Hoje, no Brasil, as mulheres ganham, em média, 20% menos do que os homens. E essa diferença chega a ser ainda mais discrepante se compararmos mulheres negras e homens brancos”, explicou a profissional.
PUBLICIDADE
“Os eventos climáticos extremos, como os que a gente está vendo no Rio Grande do Sul, não afetam todas as cidades da mesma forma. As áreas mais baixas de encostas ou próximas a rios são áreas mais vulneráveis, que sofrem mais com eventos climáticos como as enchentes que a gente está vendo e, portanto, elas se tornam áreas mais baratas para se viver. E é aí que a gente encontra mais mulheres chefes de família com suas crianças”, continuou.
Em 2023, o Amazonas enfrentou a maior estiagem nos últimos dez anos (Ricardo Oliveira/Cenarium)
Renata explicou ainda sobre as crianças que, pelo fato de estarem em um momento chave de desenvolvimento psíquico e cognitivo, passam por mais uma camada de vulnerabilidade, já que o trauma vivido toma uma enorme relevância.
“Depois delas serem resgatadas e sobreviverem a esses eventos climáticos extremos como as enchentes, essas mulheres vão para abrigos, junto com seus filhos e filhas, e aí ainda temos mais uma fonte de vulnerabilidade, que é a violência sexual que essas pessoas sofrem nesses locais, como foram feitos dezenas de relatos ainda nesse exemplo do RS”, pontuou a bióloga.
Crimes
Embora ainda sem números oficiais, crimes de importunação, violência sexual e abusos nos abrigos do Rio Grande do Sul (RS) têm sido constantemente notificados à Polícia Civil, ao Conselho Tutelar, à Delegacia da Mulher e ao Ministério Público.
Tendo em vista a situação, veio à tona a necessidade de criar abrigos e espaços de acolhimento exclusivo para a estadia de mulheres e crianças, como uma forma de proteger esse grupo de sofrer mais uma situação de violência, além da que já estariam vivendo.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.