Entenda proposta que pode tornar Belém capital do Brasil na COP30


Por: Fabyo Cruz

18 de fevereiro de 2025
Entenda proposta que pode tornar Belém capital do Brasil na COP30
COP30 ocorrerá em novembro deste ano em Belém (Márcio Nagano/CENARIUM)

BELÉM (PA) – A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, em novembro de 2025, pode trazer uma mudança simbólica para a cidade: torná-la, temporariamente, a capital do Brasil. A proposta foi apresentada pela deputada Duda Salabert (PDT-MG) e celebrada pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB-PA).

Se aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a iniciativa repetiria um episódio histórico semelhante ao da ECO-92, no Rio de Janeiro. O advogado e professor universitário em Manaus (AM) Helso Ribeiro explica que a proposta tem caráter simbólico e visa reforçar a importância da Amazônia na agenda ambiental global.

“É normal que o governador do Pará enalteça esse momento. A COP30 transformará Belém em um centro mundial de debates ambientais, como já aconteceu em outras cidades que sediaram o evento, como Lima, Doha e Marrakech”, afirma Ribeiro. Segundo ele, a transferência temporária da capital não muda a estrutura do governo federal, mas reforça o compromisso ambiental do País.

Helso Ribeiro é advogado e professor universitário em Manaus (AM) (Reprodução/Arquivo Pessoal)

A presença de lideranças dos Três Poderes – incluindo o presidente da República, ministros do STF e líderes do Congresso – ajudaria a dar visibilidade a pautas ambientais urgentes. Durante a conferência, decisões políticas poderiam ser tomadas em Belém, embora qualquer tratado internacional assinado por Lula ainda precise ser ratificado pelo Congresso para ter validade no Brasil.

Apesar do entusiasmo com a realização da COP30 na Amazônia, especialistas destacam que o evento não resolverá, por si só, os problemas ambientais do Brasil. Ribeiro lembra que o País já participou de todas as edições da conferência, mas problemas como desmatamento e queimadas continuam preocupantes.

“A COP é um espaço de debate e tomada de consciência, mas os resultados práticos dependem do compromisso dos governos. Esperamos que Belém seja o palco de acordos eficazes para mitigar as crises ambientais”, conclui.

Economia e sociedade

A chegada de delegações internacionais, jornalistas e autoridades a Belém deve aquecer a economia local, especialmente nos setores de turismo, hotelaria e alimentação. O internacionalista Lucas Moraes destaca que a movimentação financeira pode beneficiar tanto grandes redes quanto pequenos comerciantes.

“A cidade não vai receber apenas representantes governamentais, mas também visitantes interessados na cultura paraense. Isso pode aumentar a demanda por serviços de transporte, hospedagem e até vendedores ambulantes, que enxergam a possibilidade de ampliar seus lucros”, analisa.

Lucas Moraes, internacionalista (Arquivo pessoal)

No entanto, Moraes alerta que a desigualdade social pode se aprofundar. Belém enfrenta graves problemas de infraestrutura, como a falta de coleta de esgoto para mais da metade da população e a presença de comunidades em situação de vulnerabilidade.

“A cidade sofre com racismo ambiental e desigualdade socioespacial. A valorização econômica em determinados setores pode excluir as populações mais pobres, que terão dificuldade para acompanhar o aumento dos preços causado pela alta demanda”, pondera.

Leia mais: ONU acompanha preparativos da COP30 em Belém
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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