Entre feijão e fuzil: Bolsonaro critica alimento consumido por 70% dos brasileiros

A frase dita pelo presidente Jair Bolsonaro foi criticada por parlamentares de oposição (Reprodução/Estadão Conteúdo)
Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – “Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Aí tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, a frase dita pelo presidente Jair Bolsonaro foi criticada por parlamentares de oposição, que ressaltaram a emergência alimentar no País, que atravessa uma crise pandêmica.

Um levantamento “O agro no Brasil e no Mundo” mostra uma síntese do período de 2000 a 2020, que aponta que o Brasil é o quarto maior produtor de feijão no mundo, mas não está entre os maiores exportadores. A maior parte da produção é destinada ao consumo interno, cerca de 70% dos brasileiros consomem o grão.

A postura do presidente frente ao assunto chegou a ser uma dos assuntos mais comentados no Twitter ainda na sexta-feira, 27. Figuras como o presidente nacional do partido Cidadania, Roberto Freire, fizeram uma postagem para repreender a fala do presidente. “Inacreditável termos um elemento na Presidência da República que sai dizendo estultices e idiotices como essa”, escreveu Roberto Freire.

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Líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon, também se pronunciou (Reprodução/ Twitter)

O parlamentar e líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), também se pronunciou sobre o assunto por meio das mídias sociais e classificou como “covardia” a frase de Bolsonaro pontuando a fome no País. “Quanta covardia! No País onde o povo faz fila para conseguir osso para a sopa a pauta de Bolsonaro é “mais fuzil”, reprendeu Molon em post no Twitter.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) questionou, de forma irônica, “um miliciano ou o presidente da República?”.

Marcelo Freixo ironizou a fala de Bolsonaro (Reprodução/ Twitter)

Sem aumento

Ainda em conversa com apoiadores, Jair Bolsonaro negou e questionou os índices do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que registra o aumento da inflação no País. “Não teve aumento de nada no meu governo”, declarou Bolsonaro.

Em julho deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apontou uma alta na inflação de 0,96%. No período de 12 meses a soma chegou a quase 9%. O aumento refletido na conta de enrgia elétrica, alimentação e combustível, por exemplo, não condizem com a fala de Bolsonaro.

Com as constantes subidas de preços dos alimentos que compõe as cestas básicas dos brasileiros, o alimento ironizado por Bolsonaro no País, que é conhecido como um dos maiores produtores de feijão do mundo, foi um dos que sofreu disparada no aumento de preço.

Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) ao lado do arroz, o feijão teve um aumento acima de 60% entre os períodos que compreende março do ano passado até março deste ano. O alimento é consumido por quase 70% dos brasileiros, segundo dados da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)

Bolsonaro em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada (Reprodução/Facebook)

Brasil das armas

As armas sempre foram um dos assuntos pautados na política de Bolsonaro. Desde a campanha para presidente, a facilitação para o acesso da população às armas e munições já era difundida pelo então candidato à Presidência da República.

Ao se eleger, o atual presidente não perdeu tempo e seu governo já viabilizou uma séria de medidas que ampliam e dão acesso ao artefato. Em 2019, por exemplo, foi sancionada uma lei que amplia a posse de armamento dentro de propriedades consideradas rurais.

De acordo com uma matéria publicada na FolhaPress em fevereiro deste ano, o ano de 2020 bateu o recorde de quase 180 mil novas armas registradas na Polícia Federal, uma clara influência política de Bolsonaro em facilitar o acesso ao objeto. No mês de abril de 2020, o presidente também fez uma declaração polêmica em relação ao assunto durante uma reunião ministerial. Na ocasião, ele declarou querer “todo mundo armado”.

Veja o vídeo:

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