A pandemia do Covid-19 – infecção causada pelo novo Coronavírus, um vírus que ainda não se sabe ao certo a cura e pode ser contraído em aglomerações – obrigou os trabalhadores informais e os chamados, autônomos, em todo o mundo a ter que avaliarem dois tipos de riscos: o de morrer contaminado ou morrer de fome.
Em países onde a economia já estava em recessão ou estagnada, como o Brasil, pais de famílias – que nunca puderem manter reservas financeiras e, também, acumularam dívidas – sequer cogitaram alternativas. Mantiveram-se trabalhando nas ruas ou em aglomerações de ambientes fechados em busca de sustento diário.
Antes de o Coronavírus chegar com toda a força ao país, em fevereiro deste ano, o Brasil já era recordista mundial em empregos informais. Mais de 40% da população vivia na informalidade, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o equivalente a 86,7 milhões de pessoas.
Sabe-se que a informalidade traz consigo a incerteza total de futuro, já que o trabalhador não tem depósito de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), não paga a previdência para casos de acidentes ou maternidade, e não tem certeza de ganho mensal já que seu faturamento depende do público disponível para a compra de seus produtos ou serviços.
Com a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a população ficar em casa e com isso evitar contágios, somada à decisão de governantes em decretar o chamado lockdown, confinamento em inglês, como dizer a um pai de família, trabalhador informal, que ele não pode ir atrás do sustento dos filhos?
Para a classe média que possui reservas financeiras e pode passar até três meses com a economia paralisada é cômodo, fácil e até virou moda usar as redes sociais, pregando a hastegue #FiqueEmCasa e seguir o que prega, usando as mídias como diário de bordo doméstico sobre o cotidiano tedioso de estar no lar esperando a pandemia passar.
Mas o que esperar de um vendedor de verduras, do pipoqueiro, da manicure, do cabelereiro e outros trabalhadores informais, que representam 86 milhões de brasileiros? Que fiquem em casa, esperando a morte (por fome) chegar, como na poesia do lendário Raul Seixas? Na música Ouro de Tolo, Raul ainda dizia que “tinha um emprego.”
A realidade que embora queiram resistir governantes é que agora chegou a hora de ser ASSISTENCIALISTA e não ASSISTENCIAL. É preciso fazer mudanças nas contas, suplementacões de crédito e, sim, DISTRUIBUIR CESTAS BÁSICAS às famílias, que não conseguem manter o sustento na pandemia.
O ato não é populista é, no mínimo, racional, lógico e, principalmente, humano. Esse é o momento de aparecer seguidores (com mandato eletivo ou não) de Herbert José de Sousa e fazer valer o mínimo do princípio fundamental da Constituição, à direito à dignidade.
(*) Paula Litaiff é Jornalista com especialização em Gestão de Políticas Públicas
(*)Graduada em Jornalismo, Paula Litaiff é diretora executiva da Revista Cenarium e Agência Amazônia, além de compor a bancada do programa de Rádio/TV “Boa Noite, Amazônia!”. Há 17 anos, atua no Jornalismo de Dados, em Reportagens Investigativas e debate de temas sociais. Escreveu para veículos de comunicação nacional, como Jornal Estado de S. Paulo e Jornal O Globo com pautas sobre Amazônia. Seu trabalho jornalístico contribuiu na produção do documentário Killer Ratings da Netflix.
Compartilhe:
Comentários