Equipe da CENARIUM conduz palestra sobre Etnojornalismo em Congresso Internacional da Abraji


13 de julho de 2024
Equipe da CENARIUM durante palestra no 19° Congresso da Abraji (Tony Pires/CENARIUM)
Equipe da CENARIUM durante palestra no 19° Congresso da Abraji (Tony Pires/CENARIUM)

Islânia Lima – Especial para Cenarium

SÃO PAULO (SP) – A equipe de jornalistas e comunicadores da CENARIUM conduziu uma palestra, na manhã deste sábado, 13, durante a 19ª edição do Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). “Etnojornalismo e o Papel dos Eco Comunicadores na Mídia Contemporânea” foi o tema abordado pelas quatro profissionais: Adrisa De Góes, Cátia Santos, Lara Marubo e Luciana Santos. Elas atuam diretamente na cobertura, debate e análise de temas relacionados a povos originários e povos tradicionais da região amazônica.

O congresso da Abraji é considerado o maior encontro de jornalistas do País e ocorre no formato híbrido, com atividades presenciais, transmissão ao vivo de parte da programação e uma série de conteúdos gravados disponível no site oficial do evento. As atividades do 19° Congresso começaram na quinta-feira, 11, e vão até domingo, 14, no campus Álvaro Alvim da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), na Vila Mariana, em São Paulo.

A presidente da Abraji, Katia Brembatti, participou da mesa ao lado da equipe da CENARIUM. Em nome da Associação, ela parabenizou a diretora-geral da revista, Paula Litaiff, pela escolha do tema. “Quando a Paula me apresentou esse tema que trazia tanta diversidade, eu adorei, pois é de uma riqueza enorme. Estou muito honrada em contar com vocês, pois também sou leitora assídua da REVISTA CENARIUM“, pontuou.

A presidente da Abraji, Kátia Brembatti (Divulgação)

A jornalista Paula Litaiff destacou que discussões de temas relevantes na cobertura local, regional e nacional ampliam a capacidade de atuação dos profissionais da imprensa em coberturas jornalísticas. Para ela, o tema abordado no encontro é uma forma de colaborar com jornalistas de todo o País, abordando o Etnojornalismo como uma conduta transversal nas pautas jornalísticas produzidas diariamente, com os profissionais reportando os saberes e desafios dos povos originários e tradicionais a partir de quem vive a realidade.

A CENARIUM traz para a Abraji em 2024 o debate de temas relevantes, como o Etnojornalismo, além dos desafios da COP30. Hoje, a nossa ideia é reforçar o debate sobre os desafios encontrados pelos profissionais de imprensa para atuar com o etnojornalismo em meio às barreiras econômicas, desafios culturais e linguísticos, além das dificuldades do acesso à tecnologia em áreas mais distantes dos centros urbanos, bem como a capacitação contínua dos jornalistas e comunicadores”, pontuou Litaiff.

A diretora-geral da Revista CENARIUM, jornalista Paula Litaiff, e jornalistas e comunicadoras da Revista (Tony Pires/CENARIUM)

Lara Marubo, eco comunicadora da CENARIUM e palestrante no evento, afirmou que representa não somente os estudantes e jornalistas indígenas, mas também as mulheres e a etnia Marubo. “Precisamos cada vez mais contribuir para um jornalismo mais diverso, mas acima de tudo dizer que todas as vozes importam, dos mais novos aos mais velhos. A mesa do etnojornalismo vem para reforçar o conceito do colonialismo“, destacou.

Lara Marubo, eco comunicadora da CENARIUM (Tony Pires/CENARIUM)

Lara iniciou a palestra falando sobre o estereótipo relacionado a quem tenta desconstruir uma imagem de regiões de difícil acesso a serviços básicos. Sobre o fazer jornalismo, ela destacou que não são transmissores de informação, mas sim construtores de narrativas. Ela pontuou, ainda, que muitas pessoas não sabem questões importantes sobre o Vale do Javari (AM) e é preciso que investiguem e possam ver próximo tudo que acontece na localidade.

É bom chegar nesses locais sem machucar os direitos deles. É preciso desconstruir, tirar os termos coloniais e atuar contra o coronelismo“, disse.

A coordenadora de redação da CENARIUM, Adrisa de Góes, explicou como vivem os povos ribeirinhos da Amazônia e as dificuldades enfrentadas por eles em questões sociais, econômicas e domésticas. “Vendo a luta da nossa gente, entrei no jornalismo para retratar e mostrar essa realidade para a sociedade. Para fazer um jornalismo que fale dos povos amazonenses, eu precisaria estudar muito, porque é um jornalismo mais aprofundado. É preciso que o jornalista tire o calçado e possa sentir tudo que aquela comunidade está passando para poder reportar com qualidade“, declarou.

A coordenadora de redação da CENARIUM, Adrisa de Góes (Tony Pires/CENARIUM)

Ainda sobre a abordagem e execução da reportagem, a jornalista frisou que é preciso conhecer a problemática da região ou da área, pesquisar a pauta para produzir e fazer com que as pessoas afetadas atuem como a fonte principal. Adrisa destacou que isso só é possível se o profissional for ao local de registro e ouvir os órgãos responsáveis, além de massificar a divulgação da produção jornalística junto à comunidade. Ela finalizou destacando que jornalistas de outros Estados são bem-vindos e que precisam mostrar não somente tragédias, mas também pessoas que cuidam do meio ambiente e das florestas.

Já a apresentadora do podcast CENARIUM Diversidade, Luciana Santos, destacou a importância da diversidade no Jornalismo como mulher preta e quilombola. Ela apresentou aos jornalistas presentes, do Brasil e estrangeiros, dicas de livros que falam da representatividade negra na Amazônia, bem como sites e orientações importantes para o desenvolvimento de pautas.

Apresentadora do podcast “Diversidade” da CENARIUM (Tony Pires/CENARIUM)

A negritude amazonense é um material que trabalhamos para que histórias sejam contadas de forma correta. Vocês, amazônidas, precisam ser ampliados. Deve haver sempre fontes entre as populações e também o uso de pesquisadores locais e profissionais da imprensa da região“, destacou.

A eco comunicadora da CENARIUM, Cátia Santos, iniciou a palestra recitando um poema amazônico que faz homenagem às reservas extrativistas. Aplaudida pelo público presente, a jornalista ressaltou a importância da história do acreano Chico Mendes e o legado de luta que ele deixou para o povo nortista.

Ela destacou que é “triste que as pessoas não saibam o que é” e como funciona uma reserva extrativista. De acordo com Cátia, a preservação desses locais impacta diretamente no combate às mudanças climáticas.

Precisamos ser valorizados. As reservas extrativistas são importantes para combater as crises climáticas. Precisamos de matérias de violação dos direitos dentro dos territórios extrativistas. É importante chegarmos e darmos esse espaço aos povos da floresta. A comunicação é uma importante ferramenta, atuando de uma forma acessível para chegar no território e também para fora, fazendo comunicações também em rede“, finalizou.

Leia mais: Congresso da Abraji: ‘Precisamos avançar na pauta do clima’, afirma repórter da CENARIUM sobre COP30
Editado por Jadson Lima

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