Escassez de água potável nas aldeias leva indígenas a coletarem água da chuva

O preço da cesta básica em São Gabriel da Cachoeira chega a ser 346,67% maior que a média nacional (Reprodução/Internet)

Náferson Cruz – Revista Cenarium

MANAUS – “Água potável é um sonho nesse período de seca dos rios e acabamos usando água da chuva”, diz Milena Kokama, vice-presidente da Federação Indígena do Povo Kokama. A declaração da representante indígena relacionada à falta de água potável é apenas um dos estorvos que acompanha há décadas as aldeias indígenas.

Agravada durante as estações mais quentes e com a estiagem que assola a região amazônica, a falta de água potável coloca os Kokama em desamparo. Embora, na aldeia Paraticuena, no município de Santo Antônio do Içá, o problema tenha sido amenizado com a instalação de um poço artesiano, nas demais aldeias Kokama distribuídas nas regiões do Alto e Médio Solimões e Baixo Rio Negro, a situação é bem distinta.

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Nestas regiões manter cacimbas e caixas com água proveniente da chuva se tornou um modo de vida peculiar. Sem estrutura de saneamento básico, os indígenas denunciam que a água fornecida pela rede pública não tem chegado.

“Não temos saneamento, no Alto Solimões, nas aldeias às margens das águas barrentas viver durante o ciclo da seca é complicado, há muitos problemas de diarreia por conta da água poluída. É lamentável”, diz Milena Kokama.

Vulneráveis aos riscos da Covid-19

Confinados, com problemas no abastecimento de água e com limitações de atendimento dos profissionais que atuam em parte das aldeias, os indígenas continuam vulneráveis aos riscos de contaminações pelo coronavírus.

A doença deixou um rastro de mais de 60 mortos pela Covid-19, segundo a Federação Indígena do Povo Kokama. Além da falta de abastecimento de água e saneamento básico, eles reclamam do descaso das autoridades públicas com a saúde indígena.

“A situação só não está pior em razão do controle que fazemos com as barreiras sanitárias que criamos, para controlar a entrada e saída das pessoas, entretanto, sentimos a falta de cuidado e um suporte maior por parte do poder público”, declarou a indígena.

No início de abril deste ano, o Brasil registrou o primeiro caso de coronavírus entre indígenas. A paciente é uma jovem de 20 anos da etnia Kokama, que trabalha como agente de saúde indígena e é moradora da aldeia São José, no município de Santo Antônio do Içá.

Segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), mais de 250 indígenas morreram com a doença no Estado.

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