Especial – À Sombra da 3ª onda?: Distantes e vulneráveis
27 de maio de 2021

Camila Carvalho – Da Revista Cenarium
MANAUS – Historicamente esquecidas e subjugadas, as populações tradicionais, os indígenas e as comunidades ribeirinhas amargam o risco do contágio pelo vírus da Covid-19. Sem assistência médico-hospitalar próxima, isoladas social e economicamente por conta das medidas de restrição de circulação, as comunidades são assoladas pelo medo de contrair a doença e veem na vacinação a esperança em dias melhores.
“Vivemos em um Estado com dimensões continentais e densidade demográfica baixa. Para acessarmos essas comunidades é necessário um esforço operacional diferenciado, com custos elevados e situações que precisam de um planejamento, em decorrência do contexto amazônico”, Cristiano Fernandes, diretor-presidente da FVS
De acordo com dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), foram confirmados 52.997 casos de indígenas infectados pela Covid-19 em 163 povos. Desse total, 1.048 morreram na luta contra a doença.
Entre os indígenas vítimas da Covid19, 75,95%, ou seja, 796, moravam em Estados da Amazônia Legal, com destaque para o Amazonas, com 252 mortes de indígenas acometidos pelo vírus.
Ribeirinhos
Segundo o secretário-geral do Conselho Nacional de Populações Extrativistas (CNS), Dione Torquato, a grande preocupação era a chegada da Covid-19 nos territórios, uma vez que, além das dificuldades logísticas, as comunidades enfrentam dificuldade de acesso à comunicação, prejudicando a difusão de orientações para prevenção.
“A gente vê que a pandemia chegou no território, com impacto menor do que imaginávamos, graças às ações realizadas com os coletivos sociais, na disponibilidade de apoio, mas a própria comunidade tomou algumas medidas de orientação para tentar barrar a entrada e a saída de algumas pessoas. No entanto, ainda é um cenário de instabilidade, ainda há uma preocupação grande, especialmente pela falta da vacina”, afirmou.
Vacinação
Segundo ele, o que é possível perceber é uma grande angústia, indignação e insegurança pela ausência do Estado, especialmente do governo federal, além da morosidade em atender essas famílias tradicionais, indígenas e comunidades ribeirinhas já foram incluídos no calendário vacinal e serão imunizados pelas prefeituras dos municípios correspondentes.
“A vacina é a principal arma para a contenção da doença e esse é um desafio que temos enfrentado. Vivemos em um Estado com dimensões continentais e densidade demográfica baixa. Para acessarmos essas comunidades, é necessário um esforço operacional diferenciado, com custos elevados e situações que precisam de um planejamento, em decorrência do contexto amazônico”, disse o diretor-presidente da FVS, Cristiano Fernandes.
