Especial – À Sombra da 3ª onda?: Esperança na ponta da agulha
01 de junho de 2021
Marcus Lacerda, médico infectologista, pesquisador da Fundação de Medicina Tropical (FMT) e especialista em saúde pública da Fiocruz, é um dos coordenadores do estudo Covac Manaus (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Camila Carvalho – Da Revista Cenarium
MANAUS – “A vacinação tem que ser o nosso foco”. A frase é do pesquisador da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM) Marcus Lacerda, mas reflete a esperança do povo brasileiro.
Caminhando, mas ainda em passos lentos, segundo levantamento divulgado no dia 22 de abril de 2021 pela revista Rolling Stone, o Brasil ocupava o 56º lugar no ranking mundial que considera doses aplicadas a cada 100 habitantes.
Para o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Bernardino Albuquerque, uma das formas de conter a transmissão do vírus e, ainda, o aparecimento de novas variantes é garantir a vacinação da população.
“O aparecimento de variantes está diretamente relacionado à continuidade da transmissão, portanto, todas as medidas até então direcionadas a interromper as cadeias de transmissão devem ser implementadas; infelizmente, a medida de maior impacto, que seria uma alta cobertura vacinal no país, encontra-se inviabilizada por falta de vacinas”, afirmou Albuquerque.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, até 25 de abril de 2021, 37.988.023 de doses de imunizantes foram aplicadas em brasileiros. O número corresponde a pouco mais de 18% da população de 211 milhões de habitantes que receberam, pelo menos, a primeira dose da vacina contra a Covid-19.
Do total de vacinados, 4.128.907 estão na Amazônia Legal, mas o número reflete apenas 14% da população dos nove Estados da região. Aliada à incerteza da vacinação há, ainda, a insegurança gerada em parte da população a respeito da eficácia dos imunizantes.
Ciclo vacinal
Especialistas ressaltam a importância das pessoas que já tomaram a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 comparecerem, no prazo determinado, para tomar a segunda dose e, assim, completarem o ciclo vacinal.
“A vacina só terá eficácia com as duas doses. Não adianta tomar a primeira dose e achar que já está tudo bem. É preciso ficar atento aos prazos para tomar a segunda dose e, aí sim, garantir a imunização”, apontou o diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Cristiano Fernandes.
Apenas 14% das população dos nove Estados da Amazônia Legal foi vacinada até 25 de abril, segundo o Ministério da Saúde (Ruan Souza/Semcom)
Estudo
Na tentativa de garantir a eficácia da estratégia vacinal, vários estudos estão sendo conduzidos por instituições de pesquisas para identificar, entre outros, a efetividade dos imunizantes aplicados e em quanto tempo será necessário aplicar doses de reforço.
Em Manaus, um estudo, intitulado Covac Manaus, com 10 mil servidores públicos da Educação, Saúde e Segurança Pública está sendo desenvolvido por pesquisadores da FMT, Fiocruz, Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com apoio do governo do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeam), que aportou R$ 2 milhões, além de parceria das Secretarias de Estado e municipal de Saúde (SES) e (Semsa); de Segurança Pública (SSP); de Educação e Desporto (Seduc); e da FVS.
“A medida de maior impacto, que seria uma alta cobertura vacinal no país, encontra-se inviabilizada por falta de vacinas”, Bernardino Albuquerque, pesquisador da Fiocruz.
O estudo é coordenado pela médica infectologista da Fundação de Medicina Tropical (FMT) e Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UEA, Maria Paula Mourão, e pelo médico infectologista e pesquisador da FMT e especialista em saúde pública da Fiocruz, Marcus Lacerda, e conta com a participação de 200 pessoas, entre pesquisadores, técnicos e equipe de apoio.
“Antecipamos as duas doses da vacina para uma população que não estava sendo vacinada, um grupo de 18 a 49 anos com comorbidades, para analisarmos a eficácia da vacina nas pessoas com doenças pré-existentes. Esse grupo será acompanhado durante 12 meses para que possamos entender até quando a vacina garantirá a proteção e faremos a vigilância de novas variantes, caso elas apareçam”, explicou o pesquisador Marcus Lacerda.
No total, 5 mil pessoas receberam doses do imunizante Coronavac, do Instituto Butantan, e outras 1.025 pessoas serão apenas acompanhadas ao longo do período. “Um resultado importante é que tivemos zero eventos colaterais graves. Estamos verificando a proteção entre a primeira e a segunda dose e, após todos receberem as duas doses teremos resultados”, apontou Lacerda.
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