Especial – À Sombra da 3ª onda?: Farra do desrespeito

Os governos tentam coibir festas e aglomerações, que têm sido recorrentes em diversas cidades da Amazônia (Bar Herick Pereira/Secom)

Camila Carvalho – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em meio à pandemia da Covid-19, especialmente na segunda onda, parte da população ignorou as medidas restritivas e preferiu abandonar os cuidados de prevenção para participar de aglomerações – seja em festas no final de ano – ou em eventos clandestinos particulares.

No Amazonas, por exemplo, entre setembro de 2020 e abril de 2021, os órgãos do sistema de Segurança Pública efetuaram a detenção de 496 pessoas que participavam de festas clandestinas – sendo seis delas em municípios do interior do Estado – mesmo com um decreto governamental que proibia a circulação de pessoas.

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No mesmo período, 47 festas clandestinas foram fechadas pelos órgãos de Segurança Pública e a estimativa é que nesses locais estavam reunidas mais de 20,9 mil pessoas. Nas festas, foram apreendidas duas armas de fogo, além de 378 unidades de drogas, entre comprimidos de ecstasy, LSD, cocaína, maconha e óxi.

Entre as detenções, estão as das 60 pessoas que participavam de um festival em uma embarcação de luxo pelos rios da Amazônia e que foi encerrado pelas forças de Segurança Pública do Amazonas, após denúncias. O grupo de turistas brasileiros e estrangeiros, que chegou a ir até uma aldeia indígena, estava aglomerado, não usava máscaras de proteção e ingeria bebida alcoólica durante a abordagem policial. O caso ganhou repercussão internacional.

No transporte público, centenas de milhares de pessoas se amontoam dentro de ônibus sem circulação de ar (Divulgação/Clóvis Miranda)

Pela vida

De junho de 2020 a 18 de abril de 2021, 2.683 estabelecimentos foram vistoriados. Desses, 750 foram fechados e 93 interdita dos por descumprirem as regras impostas por decretos governamentais.

Os dados fazem parte da Operação Pela Vida, com ações desenvolvidas no âmbito da Central Integrada de Fiscalização (CIF), que reúne servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AM), além de policiais militares, civis, bombeiros, Defesa Civil, técnicos da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Visa Manaus, órgãos de trânsito e a Marinha do Brasil, no caso de fiscalizações em flutuantes.

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), a central de denúncias 190 recebe, em média, 600 denúncias de festas clandestinas e/ou aglomerações por fim de semana. Os responsáveis pelas festas clandestinas e presentes em aglomerações respondem pelo crime de desobediência sanitária, previsto no Artigo 268 do Código Penal Brasileiro.

“O comportamento da doença está relacionado ao comportamento das pessoas. O vírus está circulando, as pessoas ainda continuam adoecendo e o comportamento das pessoas será um definidor de qual rumo tomaremos no Amazonas. Parte da população está construindo uma terceira alça epidêmica, com a falta de adesão às medidas de distanciamento social e de prevenção”, ressaltou o diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), Cristiano Fernandes.

“Parte da população está construindo uma terceira alça epidêmica, com a falta de adesão às medidas de distanciamento social e de prevenção”, Cristiano Fernandes, diretor-presidente da FVS-AM.

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