Especial – À Sombra da 3ª onda? Manaus: Gestão confusa agrava cenário

Prefeito de Manaus, David Almeida (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Camila Carvalho – Da Revista Cenarium

MANAUS – Por duas vezes consecutivas, a capital do Amazonas, Manaus, foi o epicentro da pandemia da Covid-19 no Estado e acabou ganhando destaque pelos números negativos, ao invés de contar com iniciativas exitosas da Prefeitura, responsável pela atenção básica à saúde.

Segundo diretrizes do Ministério da Saúde, a atenção básica que deveria ser ofertada pela Prefeitura de Manaus envolve, entre outros, ações de promoção, prevenção e proteção, como campanhas para imunização contra a Covid-19.

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No entanto, o que se presenciou em Manaus foi um esquema montado na prefeitura, segundo o Ministério Público do Estado (MP-AM), para garantir que secretários municipais e parentes de empresários furassem a fila de vacinação e fossem imunizados. O caso veio à tona porque os próprios “fura-filas” postaram fotos nas redes sociais. Após a repercussão, o prefeito David Almeida (Avante) fez uma live em uma rede social e, entre outros, disse que proibiria a realização de imagens do ato de vacinação.

“Se você se vacinou, fique para você. Você não precisa compartilhar na rede social. Essa é a determinação, esse é o pedido”, afirmou o prefeito David Almeida, em vídeo, na época.

O prefeito foi alvo de um pedido de prisão solicitado pelo MP-AM e é acusado de, entre outros, falsidade ideológica e peculato, além de ser o único prefeito convidado a depor na recém-criada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.

Após as polêmicas, ainda em janeiro, a vacinação foi suspensa pela Prefeitura de Manaus para “reprogramação na distribuição de doses”. Recentemente, em 28 de abril, a aplicação da 1ª dose do imunizante foi, novamente, suspensa, por conta do risco de falta de doses, o que comprometeria o esquema vacinal.

Prevenção

Na tentativa de prevenir uma possível terceira onda da Covid-19 no Amazonas, o Governo elaborou um Plano de Contingência, dividido em cinco fases, com base nas duas ondas da doença e pensando em um cenário ainda mais complexo, com foco na prevenção, para tentar brecar a transmissibilidade da doença.

Atualmente, o Amazonas está na fase 3 do plano, com baixa taxa de ocupação de leitos clínicos e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

“Teremos um monitoramento mais detalhado da prevenção, com rastreamento de contatos. Ampliamos o apoio ao diagnóstico com um número maior do teste RT-PCR para que todas as unidades básicas de saúde fomentem a realização deste teste no paciente que chegue com uma síndrome gripal. É um trabalho muito forte da Vigilância em Saúde com a atenção básica”, afirmou a secretária adjunta de Políticas de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Nayara Macksould.

Prefeitura

A REVISTA CENARIUM questionou a Prefeitura de Manaus, via e-mail encaminhado à Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom), sobre que medidas estão sendo adotadas para a prevenção e/ ou minimização dos danos caso a terceira onda realmente ocorra.

Em nota, a Prefeitura de Manaus, por meio de informações da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), informou que faz o monitoramento permanente da situação sanitária na cidade, sempre ajustando as intervenções necessárias não só ao controle, como também ao combate da doença, a partir do estabelecimento de medidas para conter o avanço do novo coronavírus e sua disseminação. Todas as ações estão elencadas no Plano de Contingência Municipal para Infecção Humana pelo Novo Coronavírus, que mantém a vacinação e as medidas comuns de proteção contra doenças respiratórias como estratégicas efetivas e ainda válidas para o controle da Covid-19 em diferentes cenários epidemiológicos.

O documento divulgado pela equipe técnica da Semsa também inclui diretrizes relacionadas à assistência dos usuários em unidades básicas de saúde, com oferta de exames e acompanhamento dos pacientes, inclusive por meio de telemonitoramento e terapias pós-Covid-19, orientações à população, notificação dos casos e também as estratégias de rastreamento, isolamento e monitoramento dos que tiveram contato com quem teve diagnóstico positivo. As estratégias também contemplam comunidades rurais, indígenas, quilombolas e migrantes, e ainda refugiados venezuelanos.

“Se você se vacinou, fique para você. Você não precisa compartilhar na rede social. Essa é a determinação, esse é o pedido”, David Almeida, prefeito de Manaus, em live sobre o episódio dos fura-filas da vacinação.

O plano de contingência sinaliza, com clareza e com a atribuição de responsabilidades, o que deve ser feito pela rede de saúde, desde o fluxo de atendimento de casos suspeitos até o acompanhamento das tendências de adoecimento e mortalidade, que permitem estabelecer medidas pontuais de prevenção e controle.

Desde o início do mês de abril, a demanda nas unidades municipais e o número de casos notificados começaram a cair, mas a Vigilância Epidemiológica da Semsa permanece alerta, considerando que novos cenários podem surgir, exigindo medidas imediatas, que devem ser realizadas pela Semsa e apoiadas pelas demais áreas da Prefeitura, conforme compromisso e orientação do prefeito David Almeida. A atualização do Plano de Contingência considerou novas evidências científicas, normatizações do Ministério da Saúde, o cenário epidemiológico atual e a Emergência em Saúde Pública de Interesse Internacional. Além de estabelecer as linhas de atuação da rede municipal de saúde, o plano sublinha a importância da participação popular no enfrentamento à pandemia.

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