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ESPECIAL | Custo Devastação – Baque na economia
A agropecuária é considerada como a grande propulsora do desmatamento na Amazônia (Christian Braga/Greenpeace)
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22 de julho de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – A economia na Amazônia é regida pela agropecuária, extrativismo e agricultura. De acordo com especialistas, é a agropecuária o grande “motor” do desmatamento na Amazônia, em especial a criação de gado. Para abrir grandes pastos, é necessário derrubar grandes áreas da floresta tropical, mas isso tem causado prejuízos.
Os impactos econômicos do desmatamento custam a ser mensurados, mas já são sentidos. Com o ciclo das chuvas se tornando mais imprevisível, as lavouras e pastos também são afetados pelo desequilíbrio ambiental.
Não apenas na agricultura e pecuária, o descontrole e a ineficiência do governo federal diante da crise ambiental intensificada no Brasil desde o ano passado, quando o desmatamento anual da Amazônia Brasileira atingiu 11 mil quilômetros quadrados, índice recorde desde 2008, tem gerado insegurança e reação dos mercados internacionais. Investidores já se mobilizam e anunciam impetrar sanções à União, caso o cenário de degradação ambiental não seja revertido.
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Perda de safra
No Mato Grosso – Estado que bateu recorde de desmatamento em abril, com 217 quilômetros quadrados perdidos de floresta, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) a quebra da segunda safra de milho, ou seja, a redução significativa do que estava previsto para a colheita, deve superar, neste ano, as 15 sacas por hectare, em média, na comparação com a temporada 2019-2020. É o que apontou o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que atribui a diferença ao plantio tardio e à falta de chuvas durante o desenvolvimento das plantações.
Com a quebra da safra, a produção total deve ficar em 32 milhões de toneladas, queda de 9,72% na comparação com a safra passada, quando os produtores colheram mais de 35 milhões de toneladas do cereal. Essa quebra seria um efeito da estiagem que assolou o Estado neste ano. Em algumas regiões, foram 50 dias sem a ocorrência de chuvas.
Cheia dos rios
A grande cheia dos rios deste ano está causando prejuízos na Amazônia. No Amazonas – onde o Rio Negro atingiu o maior nível dos últimos 118 anos, de 30,02 metros – as perdas agrícolas foram estimadas em cerca de R$ 201 milhões, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam). O valor, divulgado ainda em maio pelo Idam, se refere à produção de mais de 17 mil famílias, em 26 municípios. Entre as principais culturas afetadas estavam banana, hortaliças, mamão e mandioca.
Em 2020, o Amazonas também teve prejuízos de R$ 329,5 milhões causados por desastres naturais, segundo o estudo “Danos e prejuízos causados por outros desastres durante a pandemia em 2020”, da Confederação Nacional de Municípios (CNM). A pesquisa mostrou o impacto financeiro de fenômenos como inundações, alagamentos, deslizamentos, secas e incêndios florestais registrados durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19.
Crise hídrica
Em maio deste ano, o governo federal criou uma sala de crise e deu início à discussão de um plano de ações para preservar a água nos reservatórios das principais hidrelétricas, localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e evitar o risco de escassez de energia. A situação é resultado da falta de chuvas nas duas regiões nos últimos meses. De acordo com o governo, o volume de chuva registrado desde outubro de 2020 é o menor dos últimos 91 anos.
Essa crise já pressiona a inflação neste ano e limita o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Banco Central. A estimativa oficial para o crescimento da economia neste ano subiu de 3,6% para 4,6%. Porém, a crise hídrica é um dos fatores que geram incerteza e que limitam a alta da atividade em 2021.
O impacto também é sentido diretamente no bolso dos brasileiros. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, no dia 29 de junho, o reajuste na bandeira tarifária vermelha patamar 2 – cobrança adicional aplicada às contas de luz realizada quando aumenta o custo de produção de energia. A cobrança extra passou de R$ 6,24 para R$ 9,49, a cada 100 kWh consumidos – alta de 52%. A Aneel estima uma alta de, pelo menos, 5% nas contas de luz em 2022.
“Os consumidores já não querem comprar produtos que estejam contaminados com desmatamento, trabalho escravo, violação dos direitos indígenas”, Paulo Moutinho, doutor em Ecologia e cientista sênior do Ipam.
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