ESPECIAL | Eles fizeram a Amazônia de cobaia – ‘Crime contra a vida’

O senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, tem colocado a disseminação do tratamento precoce no foco das investigações (Jefferson Rudy/Agência Senado)
Marcela Leiros – Da Cenarium

MANAUS – A disseminação do tratamento precoce em Manaus contribuiu diretamente para a morte de muitas pessoas. Isso é o que foi constatado pela Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Covid, no Senado Federal, onde a capital amazonense tem sido destaque quando o assunto é prescrição do Kit Covid. À CENARIUM, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), pontuou que a cidade foi usada como “cobaia”.

Omar destacou que já é possível fazer duas conclusões referentes à atuação do governo na pandemia. “Temos duas coisas concretas: crime contra a vida e crime sanitário. O crime sanitário e a imunização de rebanho, ‘estava lá, se contamina, e os fortes vão se salvar’. O outro ponto é o crime contra a vida, que é a prescrição de medicamentos não comprovados cientificamente”, destacou o senador.

Omar destacou ainda que a comissão tem documentos que mostram várias ações do governo federal na cidade para implementar os remédios ineficazes. O lançamento do TrateCov – aplicativo que receitava remédios do “Kit Covid”, como a hidroxicloroquina –, que ocorreu na capital, e o envio de uma equipe de médicos à cidade para orientar os profissionais de saúde a receitarem o tratamento são alguns dos pontos analisados pela CPI.

PUBLICIDADE

“Manaus foi usada como cobaia, um experimento que cientificamente já estava provado que não tinha resultado nenhum, e insistiram nisso”, Omar Aziz, presidente da CPI da Covid.

“Manaus foi usada como cobaia, um experimento que cientificamente já estava provado que não tinha resultado nenhum, e insistiram nisso. Isso, capitaneado pela ‘Capitã Cloroquina’ [a secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro], que usou Manaus achando que aquele experimento que ela estava fazendo poderia servir e que acabou ceifando a vida de muitos amazonenses”, destacou o senador.

O senador lembrou ainda que em janeiro deste ano, enquanto Manaus passava pelo pior momento da pandemia, quando faltou oxigênio para atender ao alto número de infectados pela variante P.1, o Ministério da Saúde insistia em disseminar o tratamento precoce na cidade.

“A razão é que no momento que nós estávamos precisando de oxigênio, em vez de trazer oxigênio, eles trouxeram o ‘Kit Covid’. E ‘Kit Covid’ não nos ajudou em nada. É uma falácia. Cientificamente não tem como comprovar que nós podemos ajudar ou não com esse tipo de medicação, o que está provado é que a OMS [Organização Mundial da Saúde] não atua com esse tipo de medicamento”, destacou o senador.

Apuração

Ao longo dos três meses de CPI da Covid, que iniciou em abril e já foi prorrogada por mais um trimestre, mais de 33 investigados e especialistas prestaram depoimento ou foram ouvidos, além da quebra dos sigilos de 62 pessoas e empresas. Entre os depoimentos que se destacaram estão os dos ex-ministros da Saúde Eduardo Pazuello, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta, e o atual ministro, Marcelo Queiroga, além de Mayra Pinheiro.

O senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, tem colocado a disseminação do tratamento precoce no foco das investigações (Jefferson Rudy/Agência Senado)
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.