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Especial -Tragédia Yanomami: Avanço do garimpo
Acampamento de garimpeiros em clareira dentro da Terra Indígena Yanomami (Divulgação Isa)
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02 de julho de 2021
Marcelo Marques – Especial para a Revista Cenarium
BOA VISTA, RR – A Terra Yanomami fica entre os estados de Roraima e Amazonas. A área abrange, ainda, parte da Venezuela e soma 9,6 milhões de hectares. São quase 30 mil indígenas. O avanço dos garimpos na região de Roraima aumentou em três anos. Com exceção do Exército, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não vêm agindo para conter o avanço dos exploradores de ouro. A estimativa é de que há 21 mil garimpeiros extraindo ouro ilegalmente na região.
“Há 21 mil garimpeiros apenas na Terra Yanomami. E, cada dia, chegam mais”, Junior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami.
Os indígenas decidiram montar uma barreira sanitária no Rio Uraricoera, às margens da aldeia Yanomami Palimiú, para impedir a travessia de garimpeiros e apreender mantimentos levados aos pontos de exploração ilegal do minério que ficam no meio da floresta. Em uma das fiscalizações feitas pelos indígenas de Palimiú, em abril, foram retidos galões de combustível e, ainda, quadriciclos usados pelos invasores. Foi o estopim para os confrontos. Segundo líderes da comunidade, os invasores contaminam a água do rio, degradam a floresta e levam doenças, como a Covid-19.
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O Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Justiça o envio de tropas no dia 13 de maio a Palimiú e a desintrusão dos garimpeiros das terras indígenas. O processo está sob sigilo. “Há 21 mil garimpeiros apenas na Terra Yanomami. E, cada dia, chegam mais”, afirma Hekurari Yanomami.
Conforme dados do portal Comex Stat, do Ministério da Economia, somente em 2019 foram exportados de Roraima 725 quilos de ouro. O Estado não tem cooperativa credenciada para a exploração legalmente do minério, nem garimpo apto para essa finalidade.
A comunidade Palimiú registrou cerca de dez ataques de garimpeiros de abril a maio deste ano. A Polícia Federal (PF) informou que mantém rodízio de efetivo na aldeia, para inibir investidas de criminosos armados aos indígenas. Em um desses atentados, um homem morreu. A região fica no município de Alto Alegre, em Roraima e, há quatro décadas, é alvo do garimpo ilegal. Mesmo com a pandemia de Covid-19, que matou mais de 460 mil pessoas em todo o país, a atividade ilícita nunca cessou.
No dia 10 de maio, revoltados com a barreira sanitária, os garimpeiros, dentro de um barco, dispararam contra os indígenas de Palimiú, no local onde havia homens, mulheres e crianças. Alguns aldeados armados revidaram e um suspeito morreu. Ele teve o corpo levado pelo grupo de invasores. Um vídeo feito por um indígena mostra o desespero de mães correndo com filhos durante o atentado.
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