Especial – Tragédia Yanomami: Supremo determina proteção

Ministro Luis Roberto Barroso determinou que o governo federal proteja povos indígenas nas terras Yanomami e Munduruku (Abdias Pinheiro/Ascom TSE)

Marcelo Marques – Especial para a Revista Cenarium

BOA VISTA, RR – O Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Luís Roberto Barroso determinou, no dia 24 de maio, que o governo federal tome imediatamente “todas as medidas necessárias” para proteger a vida, saúde e segurança de populações das Terras Indígenas Yanomami e Munduruku. O ministro analisou um pedido feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), pela Defensoria Pública da União (DPU) e por organizações de direitos humanos e seis partidos. O grupo defende a retirada de garimpeiros das terras indígenas Yanomami e Munduruku.

Pela decisão do ministro, caberá ao governo “destacar todo o efetivo necessário a tal fim e permanecer no local enquanto presente tal risco”.

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As entidades pediram, ainda, que sejam enviados aos territórios indígenas efetivos de Polícia Federal (PF), Força Nacional de Segurança Pública, Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, se for o caso, das Forças Armadas.

Em nota, a Polícia Federal informou que a decisão do STF é em face da União, que deverá fazer cumprir a decisão por seus vários meios possíveis e disponíveis, tais como Exército brasileiro, Funai, Força Nacional, PRF, Ibama, dentre outros órgãos. A decisão judicial não é em face da PF.

A reportagem entrou em contato com a Hutukara Associação Yanomami, que afirmou que a comunidade continua desprotegida e sendo diariamente ameaçada pelos garimpeiros ilegais, que passam armados em grandes grupos, em embarcações pelo Rio Uraricoera.

Mundukuru

No Pará, o povo Munduruku também tem sofrido com a invasão de garimpeiros ilegais em suas terras e constantes ataques. No incidente mais recente, em 26 de maio, garimpeiros atacaram e atearam fogo em aldeias da Terra Indígena Mundukuru, no município de Jacareacanga, região a sudoeste do Pará. De acordo com a Apib e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o ataque ocorreu em retaliação à Operação Mundurukânia, da Polícia Federal, que combate os garimpos clandestinos.

“A presença das Forças Nacionais, desde segunda, 24, não inibe os garimpeiros que seguem cometendo atos de violência para ameaçar e intimidar lideranças contrárias à atividade ilegal em terras indígenas. Homens armados, que exibiam galões de gasolina, invadiram, a aldeia da TI Munduruku, onde se encontrava Maria Leusa Munduruku, coordenadora da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborun (organização que vem sendo atacada por denunciar os garimpeiros) e incendiaram sua casa”, informaram as entidades indígenas, em nota.

A Apib divulgou imagens da casa da liderança indígena Maria Leusa, que vive na aldeia Fazenda Tapajós, próximo a Jacareacanga. A residência foi destruída pelo fogo. A Munduruku pede por socorro em mensagem de áudio enviada à articulação.

“Venham, por favor, está uma confusão, vão queimar minha casa. Adonias [Munduruku] está dando tiros no cais, em todo lugar. Eles estão dando tiros, por favor, me ajuda!”, suplica a indígena, à Apib.

Operação

O ataque ocorreu em meio à Operação Mundurukânia, da Polícia Federal, que investiga crimes de associação criminosa, exploração ilegal de matéria-prima pertencente à União e delito contra o meio ambiente. As ações dos agentes ocorrem em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Ibama e a Força Nacional.

As diligências fazem parte das medidas determinadas pelo ministro Barroso, em julho do ano passado, para o enfrentamento e monitoramento da Covid-19. Uma das medidas solicitadas é a expulsão de invasores das terras indígenas.

Colaborou Bruno Pacheco, da Revista Cenarium

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