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Especialista afirma que embalagens biodegradáveis nem sempre são sustentáveis
Nem tudo que se domina biodegradável deve ser visto como solução para salvar o ecossistema (Anna Shvets/ Pexels)
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22 de outubro de 2020
Luciana Bezerra — Da Revista Cenarium
MANAUS — É cada vez mais comum encontrar no mercado produtos em embalagens de plástico denominadas biodegradáveis. A maioria das pessoas compra um produto sem se preocupar com a procedência desse material. Pelo menos é o que aponta um estudo do Global Packaging Matters, divulgado este ano, onde afirma que 51% dos consumidores brasileiros têm o hábito de comprar um novo produto apenas porque a embalagem chama a atenção e não pela preocupação se ela vai degradar ou não o meio ambiente.
De acordo com um levantamento da Universidade Estadual Paulista (Unesp), 20% de todo lixo produzido no Brasil é composto por embalagens plásticas. Para tentar sanar este problema, as embalagens biodegradáveis se tornaram as protagonistas deste novo nicho de mercado, já que sua principal função é transformar lixo em vida.
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Quando descartadas, seu material composto vira um líquido orgânico que serve de adubo para plantas, hortas e jardins. Mas quem é leigo no assunto acha esse processo de solução perfeito e uma ótima alternativa para reduzir de uma vez por todas a produção de embalagens de plástico e, consequentemente, minimizar os impactos causados por esse resíduo ao ecossistema.
No entanto, a população precisa entender primeiro a diferença entre embalagens biodegradáveis e oxibiodegradáveis. Com base nisso, a REVISTA CENARIUM ouviu, nesta quarta-feira, 21, o embaixador do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB) no Amazonas, o biólogo Daniel Santos para explicar melhor sobre o tema.
Segundo Daniel, a maior parte do lixo de origem orgânica (papéis, tecidos de algodão, couro, madeira etc.) é biodegradável, e a maioria dos plásticos atuais não. Já as embalagens oxibiodegradáveis recebem um aditivo para acelerar o processo de degradação e não atendem as normas técnicas de biodegradação.
“O plástico oxibiodegradável se divide em milhares de pedacinhos. Esse resíduo também não desaparece, ele apenas vira um pó que pode parar em rios, lagos e mares. Isso significa que nossa geração poderá beber involuntariamente plástico oxibiodegradável misturado à água. Além disso, os fragmentos podem ser ingeridos por peixes, animais silvestres e animais de criações nas fazendas, causando sérios danos econômicos e ambientais”, explica Daniel.
O biólogo afirmou ainda que nem tudo que se diz biodegradável deve ser visto como a solução para lidar com o problema de excesso de lixo em Manaus e nos demais Estados do Brasil.
“Se o material biodegradável for produzido por meio de componentes orgânicos como a seiva da mandioca, cana ou beterraba, essa embalagem vai se decompor de forma natural e vai minimizar o tempo de vida útil de uma embalagem de plástico comum, que hoje é de 100 anos, para um ano, porém, ela não é a solução para o fim do acúmulo de lixo plástico no País”.
Biodegradabilidade
Manaus está longe de ser uma cidade sustentável, enfatiza o biólogo. Segundo ele, a capital do Amazonas recicla apenas 1,8% do lixo produzido. “Este é um processo desafiador, mas estamos trabalhando para que políticas públicas que obedeçam a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os termos de cooperação entre governo e produtores, revendedores e a comunidade sejam feitas”.
O embaixador do ILZB-AM destacou ainda que o objeto do processo biodegradável necessita apenas de compostos inofensivos, como água, CO2 e microrganismos naturais para se decompor de maneira rápida e segura.
Para minimizar este impacto e conscientizar a população em relação ao descartes de lixo foram instalados em Manaus, em 2019, dois Pontos de Entregas Voluntárias (PEVs). Ambos localizados em supermercados da cidade para facilitar o destarte desses resíduos.
Semana Lixo Zero
Daniel adiantou à reportagem que a partir da próxima quinta-feira, 29, durante a Semana Lixo Zero, evento que acontecerá entre os dias 26 a 31 de outubro, serão anunciados outros pontos da rede varejistas de supermercados que vão receber novos PEVs, na cidade.
A iniciativa, aponta o especialista do ILZB-AM, visa facilitar o descarte desse material pela população manauara.
“Além de facilitar a vida dos moradores, já que elas ao irem fazer compras nos supermercados poderão descartar o lixo reciclável acumulado em casa, para que tenham um destino melhor. Além, de aumentar esse índice de reciclagem em Manaus”.
O biólogo disse ainda que a previsão é que até dezembro serão instalados cerca de 40 PEVs instalados em diversos supermercados da cidade.
PEVs instalados na cidade
Empório Roma – Rua Terezina, 351 – Adrianópolis, Manaus – AM
Pátio Gourmet Morado do Sol – Av. Via Láctea, 825 – Aleixo, Manaus – AM
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