Especialistas apontam que fim do auxílio emergencial pode ser ‘catastrófico’ para economia em 2021


20 de dezembro de 2020
Especialistas apontam que fim do auxílio emergencial pode ser ‘catastrófico’ para economia em 2021
O auxílio federal, desde a implantação amparou diretamente cerca de 68 milhões de pessoas. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O fim do auxílio emergencial pode gerar um cenário “catastrófico”, segundo avaliação de especialistas consultados pela REVISTA CENARIUM. O benefício criado para diminuir os impactos econômicos e garantir uma renda mínima para milhões de brasileiros afetados pela pandemia da Covid-19 chega ao fim em dezembro deste ano.

“Defino o término do auxílio emergencial como catastrófico”, afirma a professora e economista, Denise Kassama, vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon). Para ela, o benefício reduziu perdas nos postos de trabalho em empresas que encerraram atividades ou reduziram quadros funcionais.

A economista faz avaliação do cenário econômico com o fim do benefício emergencial (Arquivo pessoal/Reprodução)

Enfrentamento

“Essa redução provavelmente vai se perdurar para 2021, pois a maioria das empresas que se reorganizaram em estruturas menores vão manter os quadros. Com isso, a taxa de desemprego, que já era alta antes da pandemia, deve permanecer alta, caso não sejam instituídas políticas públicas de geração de empregos”, avaliou Kassama.

Kassama declara que o governo federal deve atuar em frente ampla com empreendedores para impulsionar o enfrentamento da crise. “Com o desemprego na faixa dos 15%, analiso com grande preocupação o término do benefício que poderá, inclusive, aumentar os indicadores de pobreza, em um dos países que mais apresenta desigualdades sociais”, finalizou Denise.

Desigualdade social

O sociólogo e advogado, Carlos Santiago, alertou que o auxílio demonstrou que existe uma parcela significativa do povo brasileiro que vive na extrema pobreza e também na informalidade. “Há muita concentração de riqueza no Brasil. Se a economia não melhorar em 2021, se não acontecer o crescimento econômico com distribuição de renda”, comentou.

Santiago diz que apesar do País ser uma das maiores economias mundiais não possui plano de distribuição de riqueza. “Sem auxílio e mais empregos formais, o ano de 2021 pode ser o início da ‘segunda década perdida’. O auxílio ajuda a manter o brasileiro alimentado e causa impacto positivo na economia. O seu fim pode trazer ainda mais pobreza”, ponderou Carlos.

Sociólogo alertou sobre o panorama social com a saída do benefício do governo federal (Arquivo Pessoal)

Santiago apontou que o caminho sustentável para o Brasil é taxar grandes fortunas e promover a inclusão econômica por meio de políticas públicas. “Mas parece que o atual governo não está disposto a seguir esse caminho, prefere tão somente o fim do auxílio emergencial, o que vai causar uma grave crise tanto social quanto econômica”, finalizou.

Desocupação

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Covid-19) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a taxa de desocupação cresceu no Amazonas, chegando a registrar 18,8% em outubro deste ano. Ao todo, são 312 mil pessoas que estavam desempregadas no Estado.

Segundo a pesquisa, cerca de 58,7% de domicílios no Amazonas receberam algum auxílio emergencial com média R$ 691. O auxílio federal, desde a implantação amparou diretamente cerca de 68 milhões de pessoas. No princípio, o benefício, que se encerra no dia 31 de dezembro, era estipulado no valor de R$ 600 pelo período de seis meses, até que, a partir de setembro, reduziu para R$ 300.

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