Especialistas reforçam que tratamento é aliado da saúde mental em meio à pandemia

De causa emocional, sintomas podem agravar quadros de saúde (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Jennifer Silva e Ana Pastana – Da Revista Cenarium

MANAUS – As 200 mil mortes decorrentes da Covid-19 causam luto nos familiares e segundo especialistas em psicologia e psiquiatria consultados pela REVISTA CENARIUM nesta sexta-feira, 29, também apontam para o tratamento e prevenção de uma série de distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e síndrome do pânico.

A psicanalista Samiza Soares definiu etapas que podem ser identificadas como possível crise de ansiedade. “A primeira é a reação do medo, até de ser contaminado pelo vírus. Então, as dificuldades começam a surgir como a ansiedade. A nossa mente dá os reflexos gradativamente resultando no primeiro sintoma: o estresse agudo relacionado à pandemia”, informou.

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“Com certeza os profissionais da saúde que estão na linha de frente ao combate da Covid-19 estão mais vulneráveis a esses desequilíbrios emocionais. Vendo de perto o número alto de mortes, de contaminações e a falta de leitos, tudo isso causa um desequilíbrio”, explicou Samiza.

Somatização

A especialista também explicou que o isolamento social é um “gatilho” para as crises. “A irritabilidade e o desconforto sobre a ‘nova realidade’ causam reações esperadas. Mas quando passam o sono, perda ou excesso de apetite, além do medo constante, preocupam. Por isso, temos que ter um cuidado com a nossa saúde mental”, justificou a psicanalista.

De acordo com a diretora da faculdade de psicologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Iolete Ribeiro, alterações somáticas também são sinais de alerta. “Alterações somáticas como pressão alta, problemas digestivos e alergias podem ser mais frequentes. Quando isso ocorrer é importante buscar recursos para aliviar a ansiedade”, disse.

Segundo o psiquiatra membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, Dr. Wagner Caldeira, a ansiedade pode se manifestar com sintomas semelhantes aos da Covid-19. “Isso piora alguns parâmetros clínicos da infecção, como diminuição dos níveis de saturação de oxigênio. Ou seja, as crises de ansiedade não levam à infecção, mas podem agravar o quadro”, explicou.

Ansiedade e depressão

De acordo com o estudo realizado pela faculdade de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a percepção de dor, ansiedade e depressão foram as mais prevalentes entre os participantes durante a avaliação.

Para a professora e coordenadora do estudo, Carolina Marinho, a saúde mental sofre sérios impactos devido ao isolamento do paciente durante os quadros de internação.

“Além disso, antes mesmo da definição do diagnóstico, esses pacientes relatam sentir medo de se contaminar no ambiente do hospital e, quando há diagnóstico positivo para Covid-19, o medo passa a ser da incerteza da evolução da doença. Isso, é claro, para os pacientes que permanecem conscientes nesse processo”, destacou a profissional.

Janeiro Branco

No mês alusivo à saúde mental, conhecido como Janeiro Branco, dados publicados no portal da Agência Brasil e levantados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) relatam que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. A depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. O Brasil é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%).

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