‘Esquerda caviar preta’, declara Sérgio Camargo ao sugerir que negros sejam mandados para a África

Ex-presidente da Fundação Palmares faz novo ataque a filme de Lázaro Ramos, 'Medida Provisória' (Reprodução/Internet)

Com informações da Folhapress

SÃO PAULO – Em mais um ataque ao filme “Medida Provisória”, o ex-chefe da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, chamou nesta terça-feira, 12, o longa-metragem de criminoso e, ignorando que se trata de uma ficção, disse que o diretor Lázaro Ramos acusa Bolsonaro de deportar os cidadãos negros de volta para a África. Camargo pede também que o filme seja boicotado, pela segunda vez.

“Medida Provisória”, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 14, é a estreia do ator Lázaro Ramos na direção de cinema. Conta a história de um Brasil distópico, no qual o governo decide enviar a população negra para países africanos, num ato que camufla como sendo de reparação histórica. No centro da trama está um casal que consegue fugir da brutalidade policial para tentar se manter no Brasil.

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O argumento do filme, segundo o diretor, é de 2011, e foi inicialmente pensado para o teatro. Bolsonaro não é mencionado nenhuma vez no longa.

Camargo está empenhando uma cruzada nas redes sociais contra o filme, há alguns dias, desde que a atriz Taís Araujo, protagonista do longa, disse, em uma entrevista, que o Governo Bolsonaro foi infernal e que o País “andou para trás”. Também maldisseram o filme o deputado Eduardo Bolsonaro e o ex-secretário especial da Cultura, Mario Frias, além de outros expoentes do bolsonarismo.

Também nesta terça-feira, Camargo, que se define como negro de direita e antivitimista, sugeriu que negros de esquerda sejam enviados para países africanos, numa aparente repetição do argumento do filme que ele critica. Na segunda-feira, ele havia chamado Araujo de “mimizenta”.

Nem a atriz, nem o diretor responderam publicamente às críticas. A assessoria do longa afirma que “qualquer ataque ao filme apenas representa o dirigismo cultural que, neste momento, quer determinar quais filmes podem ser realizados no País”.

Em entrevista para a Folha, Ramos pediu uma renovação no comando do Brasil nas eleições de outubro. “Olha o preço do combustível e dos alimentos. Olha como a pandemia e o valor à vida foram tratados. Está difícil ser brasileiro sob o Governo Bolsonaro, não posso falar só sobre a dificuldade de ser artista, neste momento, não se trata disso”.

A estreia de “Medida Provisória” acontece após um longo imbróglio envolvendo a Ancine, a Agência Nacional do Cinema, numa experiência semelhante a de “Marighella”, de Wagner Moura. Para o casal, houve censura para que ​o longa-metragem não chegasse ao público.

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