Estados da Amazônia perderam 334 mil km² de floresta nos últimos 18 anos, diz IBGE

Pará, Mato Grosso e Rondônia lideram o índice divulgado pelo instituto. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Os nove Estados que compõem a Amazônia Legal perderam nos últimos 18 anos o total de 334.497 mil quilômetros quadrados de floresta. De acordo com levantamento da CENARIUM, nesta quinta-feira, 18, o Pará, Mato Grosso e Rondônia lideram o índice divulgado nessa quarta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A perda da vegetação nativa, isto é, áreas florestais e campestres, pode ser comparada à área total do Japão (377.975 mil km²), ou ainda, mais que o dobro da Grécia (131.990 mil km²). A comparação foi feita a partir dos dados do Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do órgão, que abrangeu os anos de 2000 a 2018.

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“As florestas nativas são aquelas que nunca sofreram com as ações do homem. As áreas florestais primária, nativa, assoladas com as ações do homem há 20 anos, ainda se recuperam e são consideradas florestas secundárias. Para se recuperar o território florestal com características de nativa, são necessários pelo menos 40 anos”, salientou o ambientalista Ricardo Ninuma.

Comparativo

Segundo o IBGE, somente o Pará perdeu 118.302 mil km² de território, enquanto o Mato Grosso registrou redução de 93.906 mil km² e Rondônia encolheu 38.532 mil km² de área florestal e campestre. A lista do instituto segue perca todos os demais Estados da região: Tocantins (-28.235 mil km²), Amazonas (-19.648 mil km²), Maranhão (-18.399 mil km²), Acre (8.857 mil km²), Roraima (-6.963 mil km²) e Amapá (-1.655 mil km²).

No monitoramento, a Amazônia Legal perdeu 334 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa (Arte: Guilheme Reis/Revista Cenarium)

Pastagem

De acordo com o instituto, a perda da vegetação nativa no Pará se deve, principalmente, pela expansão de área de pastagem com manejo, 83,4 mil quilômetros quadrados, cujo incremento foi também o maior no Brasil. Ainda conforme o IBGE, a região apresentava 14% dessas áreas no País, sendo a segunda maior entre os Estados brasileiros.

O monitoramento diz ainda que as mudanças de uso e cobertura da terra no Pará têm características distintas entre os anos 2000 a 2010, cuja conversão de vegetação florestal para pastagem com manejo foi mais frequente. Entre os anos de 2010 a 2018, predominaram os avanços de mosaicos florestais, caracterizados por ocupação mista de área agrícola, pastagem ou silvicultura.

No Amazonas, os dados do IBGE indicam que prevaleceram o avanço de mosaico, ou seja, as plantações, agricultura e reservas naturais de ocupações em áreas florestais sobre áreas de vegetação florestal nos anos da pesquisa.

Análise

Segundo o IBGE, no período entre 2000 e 2018, a área de vegetação florestal teve redução de 19.682 mil km², e as áreas de mosaicos florestais e de pastagem com manejo tiveram crescimento, respectivamente, de 13.956 mil km² e de 5.815 mil km². Em 2000, a área de cobertura vegetal era de 1,45 milhão de km², e em 2018, essa área foi de 1,43 milhão de km². O Amazonas foi o quarto Estado brasileiro que mais perdeu áreas de vegetação florestal.

A pesquisa do instituto tem como objetivo espacializar e contabilizar a cobertura e uso da terra do território brasileiro, ao longo dos anos. De acordo com o IBGE, a partir dessa análise podem ser feitas comparações entre os anos analisados, e a contabilidade das mudanças nas formas de ocupação do País, permitindo uma ferramenta importante para gestores estaduais e instituições de pesquisa com atuação regional.

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