Estados da Amazônia sofrem com negacionistas de vacina e doses encalhadas

Mutirão vacinou mais de 6.000 ribeirinhos, em junho, no Amazonas. (Secom)

Com informações do Uol

SÃO PAULO – Depois de uma largada atrasada e com escassez de vacinas, o Brasil já tem doses suficientes para imunizar as pessoas acima de 12 anos contra a Covid-19 — sem contar ainda as de reforço. Mas o avançar da vacinação foi criando um mapa desigual pelo País, com os estados da Amazônia ostentando as menores taxas de imunização e com governos pedindo suspensão de envio de novas doses por falta de local para acomodá-las.

O maior desafio, hoje, relatam, é vencer o negacionismo. As secretarias de Saúde estão montando estratégias para tentar convencer suas populações a irem se vacinar, no intuito de aumentar a proteção contra uma eventual circulação da variante ômicron.

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Hoje, os sete estados com as menores taxas de vacinação completas são da Amazônia. Seis deles ficam na região Norte. Cinco, nem sequer, atingiram metade da população vacinada: Acre, Amapá, Maranhão, Pará e Roraima. Até a quinta-feira, 9, o Ministério da Saúde havia enviado 381 milhões de doses aos estados, pelo País. Segundo o consórcio de imprensa, nesse mesmo dia estavam imunizados com dose única ou duas doses 138,8 milhões de brasileiros, ou 65% da população.

Dos nove estados da Amazônia Legal, só um tem média menor que dez pontos percentuais, em comparação com a taxa nacional, em população totalmente imunizada:

Ao UOL, o Ministério da Saúde informou que tem reforçado as ações de vacinação na região Norte e que todos os estados têm vacinas suficientes para suas populações. “Algumas unidades da federação chegaram a pedir a suspensão do envio de novas remessas de imunizantes, alegando falta de espaço para armazenagem”, diz a pasta.

Diante das dificuldades enfrentadas nesses estados mais atrasados, o ministério fez parceria com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) e secretarias de estados e municípios e “realiza uma força-tarefa para ampliar a cobertura vacinal, em toda a região, com as doses já disponíveis”. “Para garantir que os dados estejam atualizados, também será reforçada a quantidade de digitadores que irão alimentar o sistema de dados de vacinação”, completa.

Casos mais críticos

No Amapá, a taxa de imunização é a mais baixa do País: 39,1% da população, pouco mais da metade do índice de São Paulo (76,8%) — estado líder no ranking de imunização. “Todos os estados têm doses, mas esbarramos, agora, na dificuldade de sensibilizar a população. Estamos buscando estratégias para desconstruir algumas inverdades sobre a questão vacinal”, cita Juan Mendes, secretário de Saúde do Amapá e vice-presidente para a região Norte do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).

Sem aplicar doses, elas ficam estocadas, sem uso. Na quinta-feira, por exemplo, metade das doses enviadas pelo Ministério da Saúde para Roraima ainda não havia sido usada. A Secretaria de Saúde do estado informou ao UOL que envia doses aos 15 municípios, quinzenalmente, “conforme solicitação de equipe municipais”.

Hoje, quase uma em cada três doses estão de posse do governo estadual e, nem sequer, estão nas mãos dos municípios. “De 1.175.258 vacinas recebidas do governo federal, 808.105 doses foram enviadas às prefeituras, ou seja, mais de 68% do total recebido do governo federal”, diz a pasta. O governo ainda informou que está realizando — em parceria com o ministério, Opas e 11 prefeituras — uma “ação de busca ativa na zona rural, para intensificar a campanha de vacinação contra a Covid-19”.

Também procurada para explicar as baixa taxa de vacinação, a Sespa (Secretaria de Saúde do Pará) enviou nota em que culpou a “desmobilização de salas de vacinas de fácil acesso, por parte dos municípios, as fake news, o relaxamento da população em relação à pandemia e, até mesmo, as dimensões do estado, com suas especificidades logísticas de grandes zonas rurais e locais de difícil acesso”.

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