Estados da Amazônia têm lacunas críticas na segurança viária, aponta estudo


Por: Fred Santana

22 de setembro de 2025
Estados da Amazônia têm lacunas críticas na segurança viária, aponta estudo
Trânsito na Amazônia (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

MANAUS (AM) – Um levantamento divulgado na última semana pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), instituição social sem fins lucrativos, expôs falhas graves na gestão e na fiscalização do trânsito nos Estados da Amazônia Legal. A pesquisa, denominada Indicadores Rodoviários Integrados de Segurança (IRIS), mostra que a região convive com baixa cobertura de câmeras, altos índices de infrações por consumo de álcool e inconsistências em dados oficiais, além de indícios de subnotificação em várias categorias de autuação.

O estudo foi laborado a partir de 34 indicadores construídos com dados de órgãos como a
Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Confederação Nacional do Transporte (CNT), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans).

Conforme a pesquisa, boa parte dos municípios ainda não está formalmente integrada ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT). Isso limita a autonomia local para promover engenharia de tráfego, educação e fiscalização. O relatório também aponta falhas de transparência em portais de Detrans da região e desatualização nas bases de dados do Registro Nacional de Sinistros e Estatísticas de Trânsito (Renaest).

Mesmo que com poucos equipamentos instalados, os municípios do Amazonas aparecem com índices elevados de registros por excesso de velocidade (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

Os municípios do Amazonas são citados com baixa taxa de autuações em relação à frota e uma das menores proporções de câmeras de fiscalização do País. Ainda assim, mesmo com poucos equipamentos instalados, as cidades aparecem com índices elevados de registros por excesso de velocidade, revelando disparidades entre infraestrutura e efetividade do controle.

O Acre e Rondônia, por sua vez, figuram entre os Estados com maiores taxas de autuações por consumo de álcool ao volante. Nos dois casos, a cobertura de fiscalização eletrônica é considerada insuficiente, com taxas reduzidas de câmeras por frota e baixa proporção de autuações. Já Roraima e Amapá apresentam índices quase nulos de multas por não uso de cadeirinha, situação que o documento associa à hipótese de omissão fiscalizatória.

No Pará, a menção diz respeito ao uso de celular ao volante, com números muito baixos de registros. O relatório ressalta que a queda em autuações não necessariamente reflete mudança de comportamento, mas pode indicar falta de fiscalização ativa. Mato Grosso aparece com destaque por reunir, ao mesmo tempo, altos índices de autuações por alcoolemia e baixíssimos indicadores em relação ao uso de cadeirinhas.

Trânsito em avenida de Belém, capital do Pará (Pedro Guerreiro/Agência Pará)

Tocantins surge como exceção entre os Estados amazônicos: figura entre os que mais contam com câmeras por mil veículos, junto de Goiás e Distrito Federal. O Maranhão, por sua vez, é apontado no eixo da educação por apresentar desequilíbrio entre número de condutores habilitados e a frota circulante.

Em sua conclusão, o Observatório IRIS lembra que as notas atribuídas não representam dados absolutos, mas comparações relativas entre os Estados, obtidas por meio de Análise de Componentes Principais. A metodologia classifica cada unidade da federação nos seis pilares do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans) e em um adicional de indicadores de mortalidade.

Leia mais: Manaus soma 123 mortes no trânsito até junho; Zona Leste lidera registros
Editado por Jadson Lima

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