Estados do Pantanal foram os que mais perderam superfície de água
27 de junho de 2024
Davi Vittorazzi — Da Cenarium
CUIABÁ (MT) — Os Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, que abrigam o Pantanal brasileiro, foram os que mais perderam superfície de água na média histórica de 1985 a 2023, de acordo com um estudo do MapBiomas, divulgado nesta semana. O Pantanal também foi o bioma que mais secou proporcionalmente.
Na média história em 39 anos, Mato Grosso do Sul é o estado do país que registrou a maior perda de superfície de água. Foram 274 mil hectares (-33%). Na segunda posição aparece Mato Grosso, que perdeu 263 mil hectares (-30%). Outros sete estados também listam o ranking por perder superfície de água no país.
O levantamento também mostra que o Pantanal ficou 61% abaixo da média em 2023 e foi o bioma que mais perdeu superfície de água proporcionalmente. O bioma, que é considerado de maior planície alagada do mundo, fica 65% em Mato Grosso do Sul e 35% em Mato Grosso.
Na apresentação do levantamento, a pesquisadora Marina Dias, do MapBiomas, frisou que o Pantanal foi o bioma que mais secou proporcionalmente e explicou que é normal as secas e cheias na região pantaneira ao longo dos anos. No entanto, elencou que os últimos registros têm mostrado que o bioma está ficando mais seco do que em estágios anteriores.
“Desde 1985 o bioma apresenta uma tendência de seca das áreas alagadas. Em 2018 foi a última grande cheia do Pantanal. Nós tivemos reduções drásticas nos anos seguintes”, destacou.
Conforme Marina, a situação de seca tem se agrava especialmente pela redução na vegetação nativa de outros biomas nas nascentes dos rios, que vão chegar ao Pantanal. Para este ano, conforme a pesquisadora, também não é esperado um grande cheia na região pantaneira.
Conforme o MapBiomas, os três municípios com maiores perdas de superfície de água do Brasil ficam na região do Pantanal: Corumbá (MS), Cáceres (MT) e Poconé (MT). Na média da série histórica, a cidade de Corumbá perdeu 261 mil hectares (-53%).
A situação de seca também facilita e ajuda a agravar os incêndios florestais no Pantanal. Em 2020, o bioma sofreu com incêndios de grandes proporções. O cenário se repete já em 2024. Segundo dados do BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma tem 79 focos ativos nesta quinta-feira, 27.
Perda de água em todo país
O estudo mostra que houve perda de água em todos os meses de 2023 em relação a 2022, o período da estação chuvosa. A última vez que foi registrada retração da superfície hídrica no Brasil foi em 2021, quando houve uma redução de 7%. Os biomas estão sofrendo com a perda da superfície de água desde 2000, sendo a década de 2010 a mais crítica.