Com informações do Portal Alma Preta
MANAUS – O Brasil é um dos países mais perigosos do mundo para as mulheres trans. Nos últimos quatro anos, dados oficiais da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) registraram 641 assassinatos de pessoas trans, 519 dessas vítimas de transfobia eram negras (pretas ou pardas), o que corresponde a 80,9% do total. Mesmo com a pandemia, em 2020, foram mortas 140 mulheres trans negras.
Desde 2008, a média de mulheres trans assassinadas no País todos os anos é de 122,5 vítimas. Os últimos quatro anos estiveram acima desta média: 2017 (179 assassinatos sendo 143 negras), 2018 (163 assassinatos sendo 134 negras), 2019 (124 assassinatos sendo 102 negras) e 2020 (179 assassinatos, sendo 140 negras)
“O Brasil demonstra todo o ódio ao corpo trans, que é desumanizado e visto ora como objeto de desejo e ora como descartável. Ainda é trágico quando se trata de um corpo negro. É a transfobia e o racismo agindo conjuntamente”, avalia a codeputada Robeyoncé Lima, do mandato Juntas, de Pernambuco.
Criminalização da transfobia
Em 2014, foi apresentado o projeto de lei número 7582 que criminaliza a homofobia e a transfobia. A proposta foi da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) e ainda está em tramitação no Congresso. No Supremo Tribunal Federal (STF), em junho do ano passado, o plenário aprovou por oito votos a três a criminalização da homofobia e da transfobia, nos parâmetros do crime de racismo, até que a lei específica seja aprovada.
O levantamento de mortes de pessoas trans é feito anualmente pela Antra. O dossiê tem como fontes os dados oficiais disponíveis em todos os Estados do Brasil. Entre 2017 e 2020, São Paulo foi o Estado com mais mortes: 80 assassinatos em quatro anos.
Depois vem Ceará e Bahia, no Nordeste, com 62 e 54 casos, respectivamente. Minas Gerais é o quarto com mais mortes: 51 crimes. No Rio de Janeiro, que já foi o estado com mais assassinatos, foram 47 mortes no período. As mortes de mulheres trans são pouco investigadas, conforme apontam os dados. Apenas 15% dos suspeitos pelos crimes foram presos.