Estigmas são obstáculos para realização de exame preventivo de próstata


Por: *Cenarium

30 de novembro de 2024

MANAUS (AM) – Historicamente os homens têm o costume de dar menos atenção à saúde. Um dos maiores desafios no combate aos cânceres que atingem a população masculina, dentre os quais se destaca o de próstata, é a quebra de tabus em relação aos exames preventivos e de rastreamento.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) sobre o câncer de próstata revelam um quadro alarmante: até o final do ano estima-se que sejam diagnosticados no Brasil mais de 70 mil casos da doença, fazendo deste o tumor mais incidente entre os homens depois do câncer de pele não-melanoma. O Estado do Amazonas deve registrar mais de 570 casos da neoplasia em 2024. Diante dessa realidade, campanhas de conscientização, como o Novembro Azul, são importantes para que os homens entendam a importância das medidas de prevenção de doenças e promoção de saúde, além de compreenderem o impacto dos exames de rastreamento.

O urologista da Oncoclínicas Manaus, Pedro Henrique Cabral, afirma que embora o toque retal seja o exame mais comum para detectar o câncer e cause certa resistência em muitos homens, há outras opções diagnósticas menos incômodas disponíveis. “Temos outras abordagens, como o exame de antígeno prostático específico (PSA) – teste que mede a quantidade de PSA, proteína produzida pelas células da próstata, no sangue — e a ressonância magnética. Todos são tão eficazes quanto o toque retal na detecção do tumor de próstata”, destaca o especialista. 

Sintomas da doença e a importância do diagnóstico precoce

A ideia de que, sem a presença de sintomas, não há necessidade de realizar exames de prevenção é um mito. Cabral salienta que esperar por sinais de manifestação do câncer de próstata pode atrasar o diagnóstico, uma vez que a fase inicial do tumor costuma ser assintomática.  “O homem não deve esperar a presença de sinais da neoplasia para fazer o diagnóstico. Sangramento no esperma e na urina, dor óssea, perda de peso, dificuldade para urinar são sintomas de doença avançada na próstata”, alerta. 

O médico enfatiza que fazer exames regulares é fundamental na prevenção e detecção precoce. De acordo com Cabral, o recomendado é realizar os exames de PSA e de toque retal a partir dos 50 anos. Homens negros ou com histórico familiar de câncer de próstata devem iniciar aos 45 anos.

Segundo o urologista, quanto mais cedo a neoplasia for diagnosticada, maiores são as chances de sucesso do tratamento e de recuperação. A demora para descobrir a doença pode levar a dispersão do tumor para outras partes do corpo, o que limita as opções de terapia. “O paciente precisa entender que, ao tratar o câncer que está restrito à próstata, a chance de cura é de mais de 90%. Já quando há metástase em gânglios ou nos ossos, a possibilidade de cura é menor, então, o tratamento precoce é fundamental”, salienta. 

Diferentes tratamentos 

Determinar a abordagem mais adequada para tratar o câncer de próstata depende de vários fatores, como a gravidade dos sintomas e as condições físicas e psicológicas do paciente. Segundo Cabral, a prostatectomia radical robótica, procedimento de remoção completa da glândula, é a melhor alternativa de tratamento disponível atualmente. O especialista explica que a técnica é mais precisa e menos invasiva em relação à prostatectomia radical de cirurgia aberta, na qual é feita uma incisão maior no abdômen para acessar a próstata. De acordo com Cabral, a cirurgia robótica também oferece ao paciente menor tempo de hospitalização.

“A capacidade de segurar urina e a chance de manter a função erétil satisfatória é maior com a cirurgia robótica. Além disso, a dor é minimizada, o sangramento é menor e a recuperação pós-operatória do paciente é bem mais rápida”, destaca.

Outra abordagem comum de tratamento da neoplasia é a radioterapia, método que utiliza radiação para queimar células cancerígenas. O procedimento costuma ser associado à hormonoterapia, técnica que reduz os níveis de testosterona — hormônio ligado ao crescimento do tumor na próstata. Com a diminuição da substância no organismo, a doença se torna menos agressiva. A combinação dos dois tratamentos, no entanto, pode provocar efeitos colaterais, como irritação da bexiga e disfunção erétil. Segundo Cabral, embora a maioria dos pacientes consiga se restabelecer completamente após a terapia hormonal, alguns podem enfrentar consequências persistentes ao longo da vida.

“O bloqueio hormonal pode ocasionar muitos sintomas de fraqueza, baixa libido, problema de ereção, perda de massa muscular, falta de energia ou vitalidade para as atividades cotidianas e alteração do sono. Às vezes os efeitos colaterais vêm muitos anos depois”, detalha o especialista.

O urologista reforça que a prostatectomia radical robótica também é mais vantajosa em relação à radioterapia e à hormonoterapia por possibilitar melhores chances de recuperação do paciente. Entretanto, Cabral enfatiza que a escolha do tratamento deve ser tomada em conjunto com o médico, levando em consideração aspectos,  como idade e condições físicas.

“A radioterapia costuma ser utilizada para pessoas idosas, que tem uma saúde mais comprometida e, portanto, não tolerariam bem ou tem um risco cirúrgico alto. Quando o paciente é jovem, saudável e faz exercícios, o melhor tratamento é a prostatectomia radical cirúrgica”, finaliza o urologista da Oncoclínicas Manaus.

(*) Com informações da assessoria

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