‘Estou sem direção’, diz mãe de adolescente de 12 anos morto em ação policial no Amazonas

Gleice Lima chorou e pediu justiça durante o enterro do filho, Gabriel Santos (Jander Souza/Revista Cenarium)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O velório e enterro do adolescente Gabriel Santos, de 12 anos, que tinha o sonho de ser jogador de futebol, foram marcados por emoção e revolta na manhã desta quinta-feira, 29. O garoto foi encontrado morto no rio nessa quarta-feira, 28, no distrito de Cacau Pirera, em Iranduba, na região metropolitana de Manaus, após uma ação policial. À CENARIUM, Gleice Lima contou sobre a morte do filho e prisão do marido, ocorridas durante a abordagem da polícia.

“Tô (sic) sem meu filho, sem direção, sem saber o que fazer, e sem meu marido que está preso injustamente. Perdi o meu filho, agora a casa está só o buraco, vazio, nem o meu marido eu tenho para me dar uma força. Acabou minha vida. Já perdi o meu filho, não tenho mais sentido de nada. Eu só quero justiça, o meu filho tinha só 12 anos”, disse ela durante o funeral.

A ação policial ocorreu por volta das 13h na terça-feira, 27, na rua 7 do bairro Mutirão. A família estava reunida para almoçar quando policiais realizaram a abordagem à residência. Gabriel caiu no rio e o corpo foi encontrado na água, com marcas que a família alega serem de tiros disparados pela polícia. De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), o garoto morreu no local, e a causa da morte foi anemia hemorrágica aguda, consequência de “agressão com arma de fogo”.

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Amigos e familiares se reuniram para o adeus ao adolescente (Jander Souza/Revista Cenarium)

Despedida

Na pequena casa de madeira do avô materno de Gabriel, localizado ao lado da residência da filha, amigos e familiares se reuniram para o adeus ao garoto que já lutava para realizar o sonho de ser jogador de futebol. Ele jogava no time Atletas com Cristo e o avô lembrou, com emoção, quando o neto dizia que já queria trabalhar para ajudar a mãe.

“Acabaram com o sonho do meu neto. Eu calculei 17 policiais, todos atirando. Alegaram que aqui tinha droga, que tinha fugitivo. Ele era uma criança nervosa, ele não podia ver briga, confusão, toda noite ele perguntava porque as pessoas morrem. Ele sempre gostava de dizer que ia trabalhar para poder ajudar a mãe dele”, contou o avô do adolescente, Pedro Ozanar.

Pedro Ozanar mostra o laudo do Instituto Médico Legal (IML) do adolescente de 12 anos (Marcela Leiros/Cenarium)

Durante o cortejo fúnebre pelas ruas do distrito de Cacau Pirera, centenas de pessoas também acompanharam a despedida ao garoto e pediram justiça.

Veja o vídeo:

Cotejo fúnebre no Cacau Pirera, em Iranduba, no Amazonas (Marcela Leiros/Cenarium)

Esclarecimentos

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP) afirmou, em nota, que as equipes policiais se dirigiram até a residência após denúncia sobre a presença de um foragido no local. De acordo com a pasta, os policiais foram recebidos a tiros. O padrasto de Gabriel, Danrley Sullivan Passos Maullmann, foi preso com uma arma de fogo e três munições, sendo três intactas e três deflagradas, segundo o documento.

A nota afirma ainda que o secretário de Segurança, coronel Louismar Bonates, determinou à Corregedoria-Geral do Sistema de Segurança a abertura de procedimento para investigar o caso.

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