Estrela chinesa do tênis nega ter feito acusações de assédio sexual

Com informações da Folha de S. Paulo

PEQUIM | REUTERS – A tenista chinesa Peng Shuai disse nesse domingo, 19, que ela nunca acusou ninguém de tê-la assediado sexualmente, e que uma publicação em rede social que ela fez no mês passado havia sido mal interpretada.

Peng gerou preocupação na comunidade esportiva e em grupos de direitos humanos, quando ela pareceu acusar o ex-vice-premier chinês Zhang Gaoli de ter tentado forçá-la a ter relações sexuais no passado. Após a publicação, ela não apareceu em público por quase três semanas.

“Primeiramente, eu preciso reforçar um ponto que é extremamente importante, eu nunca disse ou escrevi que ninguém me assediou sexualmente, eu tenho que deixar isso muito claro”, disse Peng em um vídeo publicado por Lianhe Zaobao, um veículo de mídia de Singapura.

Esta é a primeira vez que ela fala do assunto publicamente em vídeo. Ela deu a declaração nos bastidores de um evento de esqui cross-country em Xangai do qual ela participou.

Ela disse que a publicação dela no Weibo, espécie de Twitter chinês, que foi removida rapidamente, era um “assunto particular”.

Peng, 35, disse no vídeo que “as pessoas têm muitos mal entendidos” sobre a publicação dela no Weibo, sem dar mais detalhes. Ela também disse que vivia em sua casa em Pequim sem supervisão. Ela não fez menção a Zhang.

A agência de notícias Reuters não conseguiu entrar em contato com Peng desde a sua publicação no Weibo.

A Associação de Tênis Feminino (WTA, na sigla em inglês), que mais cedo neste mês disse que iria suspender seus torneios na China imediatamente devido à preocupação em relação ao tratamento dispensado a Peng e ao bem-estar de outras jogadoras, continuou exigindo uma investigação.

“Foi bom ver Peng Shuai em um ambiente público novamente, e nós certamente esperamos que ela esteja bem”, disse a entidade em nota. “Como temos afirmado repetidamente, essas aparições não aliviam ou resolvem as preocupações relevantes da WTA sobre o bem-estar dela e sua capacidade de se comunicar sem censura ou coerção”.

“Nós seguimos firmes em nosso chamado por uma investigação transparente, justa e completa, sem censura, sobre as alegações de assédio sexual feitas por ela, que é o problema que deu origem à nossa preocupação inicial”, acrescentou a WTA.

O governo chinês não comentou diretamente a publicação inicial de Peng, mas disse depois da decisão da WTA de suspender seus torneios no país que “se opõe à politização do esporte”.

Zhang não se pronunciou sobre o assunto.

Debates sobre o escândalo, que surgiu no momento em que Pequim se prepara para receber as Olimpíadas de Inverno em fevereiro, têm sido censurados na China.

Peng disse no vídeo divulgado no domingo que ela havia escrito no mês passado uma carta para o chefe da WTA, Steve Simon, em que ela negava as acusações de assédio, e que uma tradução em inglês do documento divulgada pela mídia estatal chinesa estava correta.

Simon disse na época que ele “tinha dificuldade em acreditar” que Peng havia realmente escrito o email ou em acreditar nas declarações que haviam sido atribuídas a ela.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) teve duas chamadas de vídeo com Peng, 35.

No evento em Xangai no domingo, Peng apareceu ao lado de atletas de várias modalidades, incluindo o ex-jogador de basquete Yao Ming, e assistiu ao evento por cerca de 30 minutos, segundo a reportagem do Lianhe Zaobao.