Estudo da Fiocruz sobre uso da BCG contra Covid-19 é ampliado para Manaus

Estudo realizado em parceria entre a FVS-AM e Fiocruz já identificou 18 variantes no Amazonas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Com informações da CNN

A pesquisa brasileira sobre a eficácia do emprego da vacina BCG no enfrentamento do coronavírus ganhou, na virada do ano, um terceiro sítio de pesquisas. Ela, que já era realizada no Rio de Janeiro e no Mato Grosso do Sul, começará também no Amazonas, que abrirá chamada para voluntários em breve. A nova praça foi incluída na virada do ano, em parceria com o Instituto de Medicina Tropical de Manaus, feita com apoio do Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch, da Austrália, e da Fundação Gates, dos EUA.

Os coordenadores da pesquisa, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que lidera os trabalhos no Brasil, explicam que o grupo de controle conta com mil voluntários, e 50 deles já adquiriram Covid-19. Quando este total chegar a 100, será possível fazer uma análise parcial.

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Um dos coordenadores do estudo, o infectologista e pesquisador da Fiocruz e da UFMS, Júlio Croda, explica que o recrutamento de voluntários prosseguirá. A pesquisa utiliza apenas trabalhadores da saúde: qualquer tipo de funcionário de unidades hospitalares que tenha acesso a pacientes com Covid-19.

“O recrutamento vai até fevereiro. Embora tenhamos 50 casos confirmados, ainda não sabemos quem recebeu BCG e quem recebeu placebo. O objetivo é que, no futuro, a vacina seja usada para pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários de vacinação, que demorariam mais para receber alguma das vacinas para Covid-19, de acordo com o PNI”, explica Croda.

As doses de vacina, oriundas da Dinamarca, já estão no Rio e devem ser levadas para Manaus nos próximos dias, para aplicação nos voluntários. A BCG é utilizada prioritariamente para prevenir a tuberculose, embora seja empregada também para outros fins, e sua aplicação é obrigatória no Brasil, para recém-nascidos, desde 1976. O ensaio clínico da pesquisa, que acontece também em Austrália, Espanha, Holanda e Reino Unido, está na fase três, com seis mil voluntários recrutados em todo o mundo.
Coordenadora do estudo, função que divide com Croda, a pesquisadora e pneumologista Margareth Dalcomo explica as especificidades da participação brasileira no estuado.

“Desses países, o Brasil é o único com vacinação obrigatória para a BCG. Assim, o Brasil será analisado como o único grupo que tem essa informação. A cobertura protetora dela, quando aplicada em recém-nascidos, só vale durante a infância, ela se perde na adolescência. Mas é importante frisar que o alvo da pesquisa é a proteção da vacina BCG para combate à Covid-19”, enfatiza Dalcomo.

O fato de a pesquisa ser restrita a trabalhadores de saúde, um dos grupos prioritários no Plano Nacional de Imunização (PNI) para receber a vacina contra a Covid-19, permitirá ao estudo tirar conclusões sobre o potencial da BCG.

“Depois que os voluntários receberem a vacina que o governo disponibilizar, saberemos os resultados. Saberemos, por exemplo, se a BCG pode potencializar os efeitos da vacina contra a Covid-19”, conclui Croda.

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