Estudo da Unicamp aponta que Manaus pode sofrer com terremotos no futuro

Com uma riqueza altamente concentrada, Manaus é a metrópole que reúne os maiores arranjos urbanos, econômicos e estruturais da Amazônia (Reprodução/ Internet)

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium*

MANAUS – Um estudo feito pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Universidade de Córdoba, na Argentina, e Johns Hopkins University, em Baltimore e publicado na revista Earthquake Spectra, aponta que a cidade de Manaus pode sofrer com terremotos no futuro por conta da região estar em uma área onde existem falhas neotectônicas e comportar atividades de exploração de gás, que induzem eventos sísmicos. O estudo foi divulgado pelo jornal O Globo, no último fim de semana.

Segundo um dos pesquisadores ouvidos pela reportagem, Luiz Vieira, da Unicamp, os terremotos na área podem ocorrer pela penetração da água utilizada na extração no gás entre as falhas neotectônicas, gerando os abalos. “A exploração de gás ocorre pela injeção de água, em alta pressão, nas rochas onde esses gases estão depositados. Depois desse processo, a água, altamente contaminada, é colocada em poços extremamente profundos, e é daí que elas conseguem penetrar nas falhas”, explica Vieira.

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Esta é a primeira vez, de acordo com o especialista, que se conseguiu provar, pela análise de dados, a possibilidade real de existirem terremotos em áreas do Brasil, país que tem poucos eventos de atividades sísmicas. A pesquisa também funciona como um alerta para os riscos da atividade de extração de gás.

Um terremoto na região teria impactos principalmente por conta da vulnerabilidade das residências da região metropolitana. Com isso, esse tipo de atividade de extração deve ser evitado em zonas próximas a áreas urbanas.

Especialista

Com formação na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a geóloga Vivian Marjorie afirmou à REVISTA CENARIUM que o estudo é válido, mas a princípio o que pode ser dito, é que a placa Sul-Americana está sob pressão, podendo ter estruturas reativadas.

“A água serviria de lubrificante na reativação dessas estruturas, o que poderia ocasionar uma tensão acumulada e a energia ser liberada instantaneamente ou liberada aos poucos na presença de água. A placa Sul-americana já iniciou um processo de descida. Então está sob pressão e pode reativar as estruturas novas, independentemente de ter ou não a água como lubrificante”, explicou Vivian.

A geóloga ressalta que após a retirada do gás ou petróleo, não ficam espaços vazios (a não ser que seja um depósito aprisionado em calcário), mas se for em arenito, o conteúdo fica nos poros, como se fosse uma esponja, com a retirada do gás e alívio da pressão, pode ocorrer novas acomodações de camadas no futuro, ou esses poros serem preenchidos pela água injetada, o que manteria a pressão.

Estrutura

De acordo com o IBGE, mais da metade da população manauara (53%) vive em ocupações irregulares, o que representa 348 mil famílias. Caso terremotos passem a acontecer, a capital do Amazonas, que possui área construída estimada em US$ 21 bilhões, pode ter uma perda média de US$ 189 milhões por ano:

As normas brasileiras de construção não estão preparadas para projetar edificações protegidas para abalos sísmicos, já que o fenômeno não é recorrente no país. O estudo vem, inclusive, para isso, mostrar o que pode acontecer e como se prevenir.

(*) Com informações do jornal O Globo

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