Estudo do AM aponta que alta dose de Cloroquina pode levar a morte de pacientes

Médico Marcus Lacerda Foto: Rodrigo Santos/ Secom

Da Revista Cenarium

MANAUS – Dados preliminares do Estudo CloroCovid-19, publicados em versão preprint no MedRxiv na última sexta-feira, 10, sugerem que o grupo de pacientes do estudo que usou a alta dosagem de cloroquina (CQ) apresentou maior número de desfechos graves de origem cardíaca, potencialmente fatais. Análises mais recentes confirmam que a alta dose de CQ para pacientes em estado grave pode levar à morte.

Inicialmente, o CloroCovid-19, estudo desenvolvido no Amazonas, tinha como objetivo avaliar a segurança e eficácia de duas dosagens diferentes de cloroquina em pacientes em estado grave da doença.

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Participam do estudo indivíduos de ambos os sexos, com idade acima de 18 anos, que não apresentem contraindicações à cloroquina.

Um dos desfechos de segurança é a piora cardíaca após o uso da medicação. A decisão de interromper o braço de maior dosagem foi tomada de acordo com a orientação do Comitê de Monitoramento de Dados e Segurança, que é externo e independente. A decisão fundamentou-se na observação de um excesso de desfechos letais precoces no grupo exposto à dose alta de cloroquina. O braço de menor dose continua ativo e todos os participantes incluídos, ainda em tratamento, no braço interrompido foram imediatamente alocados no braço de menor dose.

“Há enorme pressão para utilizar cloroquina no tratamento de Covid-19. Os resultados apresentados servem como um alerta, oferecendo evidências mais robustas para protocolos de tratamento de Covid-19”, explica Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, investigador principal do estudo, pesquisador da Fiocruz Amazônia e médico infectologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).

De acordo com os dados publicados no MedRxiv, dos 81 participantes incluídos na pesquisa, um grupo recebeu dose alta de cloroquina (600mg – duas vezes ao dia por dez dias) e o outro, uma dose mais baixa (450 mg – duas vezes ao dia no primeiro dia e uma vez ao dia por mais quatro dias). Esses participantes, bem como os inseridos após essa avaliação, são acompanhados pela equipe de pesquisa por 28 dias após o início da medicação. Pretende-se, ainda, reavaliá-los após 120 dias, com o objetivo de verificar potenciais sequelas.

Até o momento da publicação (10/4), a taxa de letalidade geral por Covid-19 neste estudo foi de 13,6%, ou seja, dos 81 participantes, 11 foram a óbito. Destes, 7 pertenciam ao grupo de maior dose e 4 ao de menor dose. Dados mais atualizados da pesquisa, ainda em fase de revisão em revista científica internacional, confirmam as mesmas conclusões, de forma mais confiável.

O estudo é realizado no Hospital Pronto Socorro Delphina Rinaldi Abdel Aziz, em Manaus/AM e conta com financiamento do Governo do Estado do Amazonas, Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos – Fiocruz), Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e fundos federais disponibilizados por senadores brasileiros.

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