Estudo mostra a relação da exportação de couro com o desmatamento da Amazônia

Segundo o estudo, pouco mais de 30% do couro exportado vêm de áreas de pasto ilegais. (Foto: Greenpeace)

Karol Rocha – Revista Cenarium

MANAUS – Um estudo realizado pela agência ambiental Stand Earth divulgado no dia 2 mostra o quanto a produção de couro brasileira está relacionada com o desmatamento da Amazônia. Investigações do Ministério Público Federal no Pará (MPF-PA) confirmam que boa parte do gado do qual é extraído o produto vem de pastagens em áreas de desmatamento. O estudo aponta a empresa JBS como a principal fornecedora de couro para 400 empresas fabricantes de produtos que utilizam o material no mercado internacional.

Conforme o procurador da República do MPF do Pará, Ricardo Negrini, as últimas auditorias apontaram problemas nas compras de gado por grandes empresas, principalmente por adquirirem animais de áreas com desmatamento. As auditorias são previstas nos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) da cadeia da pecuária e no Protocolo Verde de Grãos.

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De acordo com o documento, a quantidade de gado adquirido com evidências de irregularidades, ou seja, criada em áreas desmatadas somam um total de 31,99%, o que corresponde a 300.913 animais adquiridos. As auditorias foram realizadas no ano passado e amplamente divulgadas em outubro.

Segundo a auditoria do MPF, a JBS adquiriu 285.474 animais de imóveis com desmatamento ilegal após 2008 ou após a assinatura do TAC, e 2.089 animais foram adquiridos de imóveis sobrepostos em Unidades de Conservação (UCs), Terras Indígenas (TIs) ou territórios quilombolas.

Regularização acordada

“A JBS está em processo de correção. Nós já fizemos um acordo para que ela pague uma indenização e para que faça alguns ajustes na atuação dela no Estado do Pará. Os acordos são a longo prazo”, ressaltou o procurador da República. Ainda de acordo com ele, o MPF acompanha as empresas por meio de auditoria e espera que a próxima tenha resultados melhores.

“Quando os resultados são ruins, a gente adota medidas como fazemos em relação à JBS. Eventualmente, se a gente tiver informações de situações mais graves, podemos entrar com outras ações judiciais além desse acompanhamento que a gente faz dos acordos”, disse o procurador da República.

O estudo da agência ambiental Stand Earth mostrou um mapa de zonas de compra de gado de 32 fábricas da JBS localizadas na região da Amazônia Legal Brasileira, em 2016, e sua sobreposição com áreas recentemente desmatadas. Pelo menos, 50 marcas têm elos da cadeia de suprimentos com o maior exportador de couro brasileiro.

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