Etnoturismo: segmento da atividade turística aproxima visitantes e povos tradicionais

O etnoturismo traz oportunidades únicas de conhecimento sobre povos tradicionais

Karol Rocha – Revista Cenarium

Quem nunca teve vontade de conhecer de perto a cultura e os costumes dos povos indígenas tradicionais? Essa é a essência da atividade de lazer chamada etnoturismo. Com esse segmento, é possível ter o contato com línguas, narrativas, costumes, conhecimentos e comidas das populações originárias. A atividade é também uma importante fonte de renda para diversos povos.

“Os visitantes se aproximam de outras culturas e novos costumes de um determinado povo, o que pode incluir as terras ou comunidades indígenas. É um segmento do turismo que vai gerar renda, vai haver uma produção associada como artesanato e outras fontes para as pessoas que recebem os visitantes”, explicou a doutora e mestra em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia e professora do Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade do Estado do Amazonas Susy Rodrigues Simonetti.

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Em Manaus, é possível conhecer mais de perto a cultura de comunidades indígenas como a Nova Esperança, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, no Rio Cuieiras, e também a Três Unidos, localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro, a 60 quilômetros de Manaus. De acordo com Susy Simonetti, as áreas protegidas são territórios mais propícios à atividade turística.

“Na comunidade indígena Nova Esperança, você vai ter o contato com o povo Baré, eles têm já um trabalho com a atividade turística, há algum tempo, eles são fortes na produção do artesanato. E tem também a comunidade indígena Três Unidos, do povo Kambeba. Há toda uma interação por meio do artesanato, contação de histórias, de vivência mesmo. Eu acredito que é uma experiência bem interessante enquanto pensarmos em etnoturismo”.

Protagonismo dos Povos Tradicionais

Ainda segundo Susy Simonetti, além de criar uma forma de subsistência, o turismo étnico promove a valorização da cultura, a inclusão social e a conservação ambiental nas áreas indígenas. “Essas experiências em territórios indígenas, de fato, favorecem a geração de renda por meio do turismo e de outras atividades como a produção de doces e artesanato. Obviamente, que dentro das terras indígenas isso é possível por meio da criação dos planos de visitação. (…) A gente percebe que o protagonismo é local”, completou.

Povos tradicionais das Serras Guerreiras de Tapuruquara. (Foto: Marcelo Monzillo/Garupa)

Outra iniciativa de turismo na Amazônia é a que acontece nas Serras Guerreiras de Tapuruquara, que ficam no município de Santa Isabel do Rio Negro. As comunidades indígenas estão no Médio e Alto Rio Negro, no noroeste amazônico. A área conta com a presença de oito povos na região – Baniwa, Baré, Dessana, Dow, Kauyawí, Piratapuya, Tariana, Tukano.

As iniciativas de etnoturismo e de ecoturismo em terras indígenas são disciplinadas pela Instrução Normativa Nº 3/2015 da Fundação Nacional do Índio (Funai). De acordo com a fundação, as comunidades indígenas têm autonomia para explorar projetos de turismo em seus territórios, cabendo ao poder público o papel de monitorar e fiscalizar as atividades nas aldeias. As visitações são agendadas com os próprios representantes das comunidades ou agências de turismo autorizadas por eles.

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