‘Eu não fiz nenhuma minuta’, diz Nise Yamaguchi sobre sugestão de mudança na bula da cloroquina

Apesar de negar ter se encontrado com o presidente, a agenda de Bolsonaro, no entanto, registra pelo menos quatro reuniões com a médica (Pablo Jacob/O Globo)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – Em depoimento à CPI da Pandemia nesta terça-feira, 1, a oncologista e imunologista Nise Yamaguchi negou que tenha participado de encontros privados com o presidente Jair Bolsonaro e reiterou a defesa ao chamado tratamento precoce, com medicamentos de ineficácia comprovada contra a Covid-19.

A médica afirmou ainda que não discutiu a mudança na bula da cloroquina para indicar o medicamento para o tratar Covid-19, contrariando os depoimentos do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Apesar de negar ter se encontrado com o presidente, a agenda de Bolsonaro, no entanto, registra pelo menos quatro reuniões com a médica, dos quais três com a presença de outras pessoas, e uma a sós.

“Nessa situação, eu entendia que era importante fazermos a ampliação dos tratamentos de acordo com o julgamento dos médicos. (…) Não estou aqui para defender um governo. Estou aqui para defender o povo brasileiro. Isso é baseado em ciência. Sou colaboradora eventual de qualquer governo que precisar de mim”, afirmou.

Nise apresentou uma versão diferente de Mandetta e do presidente da Anvisa sobre um reunião no Palácio do Planalto ocorrida em 6 de abril de 2020, da qual era também participou. Ambos relataram uma minuta de decreto para mudar a bula da cloroquina para incluir a indicação para Covid-19. Barra Torres disse inclusive que Nise comentou esse documento, e ele reagiu dizendo que aquilo não seria possível. A médica, porém, disse que não houve minuta para mudar a bula.

“Eu não fiz nenhuma minuta. Inclusive não conhecia esse papel”, disse Nise, acrescentando. “Depois da reunião descobri que eles estavam se referindo a uma minuta, e essa minuta jamais falava de bula. Falava sobre a possibilidade de haver uma disponibilização de medicamento, que deveria ser acordado entre médico e paciente”, disse. Ela também afirmou ter ocorrido perseguição política a médicos que estavam receitando tratamento precoce.

Diante da resposta de Nise, que negou ter participado de reunião sobre mudança da bula da cloroquina, Omar sugeriu realizar uma acareação com o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.

Nise disse que teve um encontro com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, e outro com o ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna. Também afirmou se recordar de mais duas reuniões com a secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, por ser uma das principais defensores do tratamento precoce.

Ela negou ter tido encontros ou conhecer o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. Mas não descartou que, em alguma reunião que tenha contado com muitos participantes no Planalto, ele estivesse presente.

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