EUA monitoravam homem preso por ameaças à comunidade judaica no Amazonas

MANAUS (AM) – O delegado do Amazonas Marcelo Martins afirmou à imprensa, nessa quarta-feira, 9, que André Elias Almeida Soares, preso em Manaus (AM) por discriminação religiosa e simulação de criança em cena de sexo explícito, era monitorado pela Embaixada dos Estados Unidos após fazer ameaças ao presidente do país, Donald Trump, e à comunidade judaica.

O homem foi preso na manhã desta quarta, em uma casa flutuante no bairro Tarumã, zona Centro-Oeste da capital amazonense. Segundo a polícia, a Embaixada dos Estados Unidos acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) para acompanhar as ações de André Elias pelo potencial perigo para minorias religiosas.

O delegado Marcelo Martins declarou que André Elias já cometia uma “escalada de violência” que inclui ameaças a autoridades — como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump —, posse de arma de fogo e invasão de templos religiosos. No último dia 21 de março, o homem foi flagrado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com o que parecia ser uma arma de fogo.

“Esse indivíduo já vem em uma escalada de violência, de atos, de ameaça de violência já há certo tempo. Já tem um registro na imprensa local, ele adentrando a Ufam com uma arma de fogo. Fora outras ocorrências, também na UEA [Universidade do Estado do Amazonas], envolvendo também familiares dele em várias circunstâncias“, declarou o delegado, acrescentando que André Elias já “cercava” sinagogas até invadir uma na capital amazonense.

“Essa situação dele ficar cercando sinagogas já não era uma novidade. Porém, no dia 7, agora na última segunda-feira, às 10h da manhã, ele invadiu o estacionamento da sinagoga localizada na Avenida Leonardo Malcher, no Centro, e tentou adentrar as dependências internas dessa sinagoga. Como ele não conseguiu entrar, ele pregou na parede a suástica com outros dizeres, e entregou também um documento com vários links, onde constava uma série de documentos, vídeos com ameaças a autoridades, ameaças também a pessoas da comunidade judaica, e também essas fotos“, disse o delegado.

As fotos às quais Marcelo Martins se refere eram montagens de imagens de órgãos genitais e fotos de crianças. “Ele pegava fotos de crianças e fazia montagens colocando fotos de pênis na boca dessas crianças. E colocou uma criança judaica, por exemplo […] o objetivo dele era ofender a comunidade judaica com essa imagem, é perturbadora“, acrescentou.

O suspeito era coordenador de Tecnologia da Informação na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), mas foi aposentado por invalidez, em 2023. De acordo com a polícia, não há informações se André Elias possui algum transtorno psicológico.

Crimes

André Elias Almeida Soares, 39 anos, foi preso em cumprimento a um mandado de prisão preventiva pelos crimes de racismo (discriminação religiosa) e conteúdo de abuso sexual de menores. Ele responderá pelos crimes, passará por audiência de custódia e ficará à disposição do Poder Judiciário.