Ex-desembargador deixa defesa de Felipe Martins por problemas de saúde
Por: Cenarium*
24 de abril de 2025
BRASÍLIA (DF) – O desembargador aposentado Sebastião Coelho afirmou na noite de quarta-feira, 23, que deixou a defesa do ex-assessor da Presidência Filipe Martins, réu sob acusação de planejar um golpe de Estado em 2022. Ele alega problemas de saúde. A decisão foi tomada um dia após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) receber, por unanimidade, a denúncia contra Martins e outras cinco pessoas denunciadas pela trama golpista.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Coelho disse que tinha expectativa de que a denúncia fosse rejeitada —e, assim, nem mesmo um processo penal contra Filipe Martins fosse aberto. Ele conta que já havia comunicado aos demais advogados que compõem a defesa do ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL) que iria deixar o caso se o Supremo decidisse abrir a ação penal.
“[Eu informei que] Se o processo continuasse, eu precisaria me afastar um pouco por conta da necessidade de tratar de dois assuntos de ordem pessoal, um deles, inclusive, de saúde”, disse Coelho. Sebastião Coelho foi um dos advogados do processo contra Bolsonaro e aliados que protagonizou embates com o Supremo.
Na sessão em que a Primeira Turma do STF decidiu tornar o ex-presidente réu, o advogado foi impedido de entrar no plenário sem credencial e, após gritar contra seguranças, acabou detido. A Polícia Judicial fez um boletim de ocorrência contra Coelho por desacato e ofensas e liberou o advogado.
A defesa
A defesa de Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro, negou nesta segunda-feira,10, qualquer ligação com a chamada “minuta do golpe”. A manifestação dos advogados está na defesa enviada ao Supremo para rebater a denúncia formalizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a trama golpista.

De acordo com as investigações, Filipe Martins é apontado como um dos responsáveis pela elaboração da minuta de golpe de Estado que teria sido produzida no final do governo Bolsonaro. A defesa do ex-assessor diz que não há provas da ligação do acusado com a minuta. Para os advogados, o documento é “apócrifo”, cuja origem é exclusivamente o delator [Mauro Cid].
“Não há nenhuma prova documental que comprove a existência da minuta fantasma atribuída ao defendente, nem de sua autoria, nem de sua circulação”, afirma a defesa. No documento, os advogados pedem a rejeição da denúncia por falta de provas e defendem a anulação da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Os advogados também querem o impedimento dos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin para julgar a denúncia.
Os advogados ainda criticaram a prisão do ex-assessor de Bolsonaro durante a investigação. No ano passado, Martins ficou preso por seis meses sob a acusação de ir para os Estados Unidos, em dezembro de 2022, antes dos atos golpistas de 8 de janeiro.