Ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen diz que rede social não prioriza o Brasil contra fake news

Haugen participar de uma audiência pública na Câmara na terça, 5, sobre o projeto de lei das fake news (Foto: Folhapress)
Com informações da Folha de S.Paulo

NOVA YORK – O Facebook não prioriza o Brasil no combate às operações coordenadas de desinformação eleitoral, alerta a cientista de dados Frances Haugen, a ex-funcionária da plataforma de internet que liberou à imprensa documentos da empresa, os chamados Facebook Papers, no ano passado.

“Eu garanto que há muito menos proteção no Brasil contra tentativas de interferir nas eleições do que nos Estados Unidos”, disse Haugen.

Haugen, que cuidava da área de integridade cívica na empresa, chegou ao Brasil neste domingo, 3, para participar de uma audiência pública na Câmara na terça, 5, sobre o projeto de lei das fake news e conversar com organizações da sociedade civil.

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A ex-funcionária do Facebook Frances Haugen faz palestra no festival SXSW (South by Southwest), em Austin, no Texas, em março
A ex-funcionária do Facebook Frances Haugen faz palestra no festival SXSW (South by Southwest), em Austin, no Texas, em março – Montinique Monroe/Reuters

A cientista de dados afirma que o mecanismo anunciado pelo Facebook no Brasil em outubro, que detecta conteúdo desinformativo eleitoral e coloca etiquetas que direcionam os usuários para links do TSE, é muito ineficiente.

“Na melhor das hipóteses, o Facebook consegue detectar 20% do conteúdo desinformativo – mas, pensando de forma realista, eles devem estar rotulando no máximo 5%”, disse, afirmando se basear nos números a que teve acesso na empresa.

Ela critica a falta de investimento e transparência em moderação e inteligência artificial em português. “Eles só se preocupam com moderação de conteúdo em países onde correm o risco de serem alvo de regulação, como os Estados Unidos”, afirmou.

“O Facebook vem nos dizendo há anos que o melhor caminho para tornar a plataforma segura é a moderação de conteúdo por meio da inteligência artificial ‘mágica’. Mas eles sempre sub-investiram em segurança em idiomas fora o inglês e também não investiram o suficiente em moderadores”, diz Frances Haugen.

Para a ex-funcionária, o Brasil é uma das democracias mais importantes do mundo, mas o português brasileiro é um dos idiomas que não têm os sistemas básicos de segurança que deveria.

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