Ex-governador do Pará, Simão Jatene tem contas reprovadas e fica inelegível

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Os deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Pará (ALE/PA) decidiram por 34 votos a seis, em votação secreta, rejeitar as contas do ex-governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), referente ao exercício de 2018. Com esse resultado, Jatene pode ficar inelegível pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/PA), por oito anos, mas a decisão cabe recurso na Justiça.

De acordo com o parecer do relator, deputado Wanderlan Quaresma, a rejeição das contas do ex-governador teve como base sete irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Entre elas, o comprometimento na irregularidade da gestão fiscal do exercício financeiro de 2018 por conta da divergência de execução orçamentária com a política fiscal, em descumprimento da meta fiscal de resultado primário e deficit primário de R$ 1,432 bilhão.

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Segundo o parecer, ao contrariar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o Executivo desencadeou um efeito cascata que culminou no deficit primário bilionário. “O aumento exorbitante do endividamento do Estado ocorreu durante o exercício financeiro coincidente com o ano eleitoral, o que desperta o artigo 15º da Lei de Responsabilidade Fiscal”, disse o relator.

 “A análise depreende-se do estudo das manifestações dos órgãos de controle, bem como da análise dos autos, onde fica clara a anomalia nas contas apresentadas no exercício 2018, com gritante distanciamento de resultados obtidos em anos anteriores”, relatou Wanderlan.

   

De acordo com o parecer do relator, deputado Dr. Wanderlan Quaresma, a rejeição das contas do ex-governador teve como base sete irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Foto: Divulgação/ ALEPA

“A dinâmica republicana impõe que os tributos financiados pela população sejam revertidos na forma de políticas públicas relevantes para a sociedade (gasto público). No entanto, isso deve ocorrer dentro dos parâmetros orçamentários impostos pelo Parlamento e pela política fiscal estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)”, completou.

Entre as irregularidades, também foi destacada a falta de contingenciamento das despesas diante do quadro deficitário, já que caberia ao Estado reconduzir a execução orçamentária para o centro da meta, conforme previsão do artigo 9º da LRF, mas teria havido expansão fiscal. A gravidade da irregularidade ganha maior dimensão por ter sido em ano eleitoral.

O parecer apontou outras irregularidades como a abertura de créditos suplementares decorrentes de superávit financeiro ou excesso de arrecadação em cenário de contingenciamento obrigatório.

Defesa

O ex-governador Simão Jatene compareceu para acompanhar a sessão e durante uma hora 40 minutos fez sua defesa da tribuna, onde detalhou a prestação de contas e contestou a postura contrária ao parecer elaborado pelo deputado Dr. Wanderlan Quaresma (MDB), relator da matéria.

“O relatório do Dr. Wanderlan termina dizendo coisas como se fosse o Tribunal que tivesse dito e isso não é verdade. O Tribunal aprovou por unanimidade as nossas contas, ele não disse que foi por unanimidade, que foi por maioria. E o Tribunal, em nenhum momento, sugere irregularidades, pelo contrário, faz uma crítica profunda, consistente e séria, do que é constitucionalmente definido como o órgão que deve fazer análise técnica de toda essa questão complexa das contas públicas”, questionou.      

O ex-governador Simão Jatene compareceu para acompanhar a sessão e durante 1 hora e 40 minutos fez sua defesa da tribuna da ALE/PA. Foto: Divulgação/ ALE/PA

Pelo trâmite da Assembleia Legislativa do Pará, o documento será encaminhado para redação final, publicação e depois para a Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) que terá até 10 dias para encaminhar aos órgãos, como Ministério Público, o resultado da votação.

(*) Com informações da assessoria

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