Ex-secretário de Manaus associa jogadores negros do Amazonas FC a pessoas escravizadas
23 de outubro de 2023
Os jogadores do Amazonas FC (a esq. ) e Cláudio Guenka (a dir) (Arte: Luis Dutra/Cenarium)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – O ex-titular do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) de Manaus Cláudio Guenka associou jogadores negros do Amazonas Futebol Clube a pessoas escravizadas em uma publicação no Instagram, no último domingo, 22. O registro foi feito horas antes do time de futebol se tornar campeão da série C do Brasileirão.
Nos stories, Guenka publicou uma foto dos integrantes do clube e escreveu: “Navio negreiro rumo ao título.” Na imagem, aparecem os atletas Luiz Ricardo Alves, o “Sassá”, Igor Bolt e Patric Lalau, além do diretor do Amazonas FC, Milton Moreira Pinto, conhecido como “Xuxa.” Todos foram mencionados pelo ex-secretário na postagem.
Publicação feita pelo ex-secretário do Implurb Cláudio Guenka nas redes sociais (Reprodução/Instagram)
“Navio negreiro” era o nome pelo qual ficou conhecida a embarcação que transportava pessoas negras, a maioria do continente africano, destinadas ao trabalho escravo nas Américas. Os maiores registros foram feitos entre os séculos 16 e 19.
À época, pelo menos 11 milhões foram submetidos ao “comércio humano“. De acordo com dados da The Trans-Atlantic Slave Trade Database, 9,2 mil viagens tiveram como rumo o Brasil.
Foto de navio negreiro, em 1882 (Reprodução/Marc Ferrez)
Ex-secretário está em campanha
Engenheiro civil e empresário, Cláudio Guenka atualmente concorre ao cargo de diretor-geral da Caixa de Assistência dos Profissionais dos Creas (Mútua-AM), uma sociedade civil sem fins lucrativos criada pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Crea), do qual também foi presidente.
Guenka também foi superintendente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas (Sinduscon-AM) e superintendente de Obras da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf).
‘Racismo recreativo’
A advogada, jornalista e ativista do movimento negro Luciana Santos, afirma que se enquadra como caso de racismo recreativo, crime tipificado em pela Lei 14.532/2023, conhecida como Lei do Crime Racial. Para ela, a “homenagem” é “monstruosa” e relembra um período em que pessoas negras foram mortas em massa.
“Pessoas negras são constantemente ligadas ao passado de escravidão vivenciado por seus antepassados. É como uma forma de sugerir um local de subalternidade. Lelia Gonzalez fala sobre isso em seus textos. Ela diz que o racismo faz com que negros sejam associados a profissões subalternas, esporte ou atrações artísticas. Porque são corpos para servir e entreter”, afirma Santos.
A REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA entrou em contato com o Amazonas FC para repercutir o assunto e o clube informou que não possui posicionamento sobre o caso.
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