Exilado na Europa, ex-servidor da Funai expulsa presidente do órgão de evento em Madri: ‘Bandido, assassino’

À esquerda, o ex-servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) Ricardo Henrique Rao fez o presidente do órgão, Marcelo Xavier (Arte: Mateus Moura)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

BRASÍLIA – O ex-servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) Ricardo Henrique Rao fez o presidente do órgão, Marcelo Xavier, se retirar de um evento que ocorre em Madri, capital da Espanha, nesta quinta-feira, 21. Aos gritos de “miliciano” e “assassino”, o indigenista acusou o Itamaraty de proteger milicianos e responsabilizou Xavier pelas mortes do servidor licenciado da fundação Bruno da Cunha Araújo Pereira e do jornalista britânico Dominic Mark Phillips, o “Dom Phillips”.

Xavier, que é delegado da Polícia Federal (PF), saiu, aparentemente constrangido, do local onde acontecia o 3º Encontro de Altas Autoridades da Ibero-América com Povos Indígenas.

“Este homem não pertence aqui, não é digno de estar entre vocês. O Itamaraty e uma vergonha, o Itamaraty está sendo babá de miliciano. Marcelo Xavier é miliciano. Este homem é um assassino, esse homem é responsável pela morte de Bruno Pereira, é responsável pela morte de Philips. Bandido, vai embora mesmo, vai para fora!”, disse Ricardo Rao.

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Ricardo Rao chamou Marcelo Xavier de assassino. (Reprodução/ Twitter)

Rao foi colega de Bruno Pereira no Curso de Formação de Política Indigenista da Funai. Em 2019, ele entregou, à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, um dossiê que ligava a milícia e o crime organizado a assassinatos de indígenas no Maranhão. Após isso, se exilou na Europa e um ano depois foi exonerado da Funai por Xavier. A REVISTA CENARIUM questionou a Funai sobre o ocorrido, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Afastamento imediato

Bruno Pereira e Dom Phillips foram assassinados em Atalaia do Norte (AM) no dia 5 de junho. Como servidor licenciado sem remuneração da Funai, o indigenista trabalhava com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) na proteção da Terra Indígena (TI) Vale do Javari. Os dois foram assassinados por pescadores que praticavam a pesca ilegal na região.

Após a morte de Bruno Pereira, denúncias de perseguição dentro da Funai e de uma política anti-indígena, comandada por Marcelo Xavier, ficaram mais fortes. Tanto que senadores e deputados federais, que acompanham a investigação do duplo homicídio, pediram o afastamento imediato de Xavier do cargo que atualmente ocupa.

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