Falsa médica nunca atendeu no HUGV, afirma hospital
Por: Marcela Leiros
20 de maio de 2025
MANAUS (AM) – O Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), hospital-escola da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), esclareceu os vínculos da instituição com Sophia Livas de Morais, presa nessa segunda-feira, 19, em Manaus (AM), que se passava por falsa médica. Segundo a instituição, Livas nunca atuou como médica na unidade, nem atendeu no local.
Em nota, o HUGV afirmou que Sophia Livas foi aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Amazonas como educadora física, e o acesso às instalações do local, incluindo o HUGV, ocorria na condição de mestranda.
A nota reforça, ainda, que por já ter concluído a qualificação, Livas não possuía mais nenhum vínculo com a instituição. “O HUGV está à disposição das autoridades policiais para ajudar no que for necessário“, acrescentou o hospital universitário.
Veja a nota do HUGV na íntegra:
“O Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV-UFAM/Ebserh) esclarece que Sophia Livas de Morais Almeida nunca atuou como médica no hospital e nem constam registros de atendimento médico feito por ela na unidade hospitalar. Ela foi aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Amazonas como educadora física. O acesso às instalações da UFAM, incluindo o HUGV, se dava apenas na condição de mestranda. E, por já ter concluído o mestrado na Universidade, a ex-aluna não tem nenhum vínculo com a instituição. O HUGV está à disposição das autoridades policiais para ajudar no que for necessário.”
Prisão
Sophia Livas de Morais Almeida foi alvo da “Operação Azoth”, deflagrada pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) na manhã desta segunda-feira, 19. Além de se passar por médica, ela também afirmava, nas redes sociais, ser sobrinha do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante). O político negou o parentesco.
Segundo informações do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), responsável pela investigação, a suspeita realizava atendimentos médicos em crianças cardiopatas graves e em pacientes gestantes de fetos com problemas cardíacos. Além disso, a PC-AM afirma que a falsa médica tinha acesso ao Ministério da Saúde, em Brasília (DF).

Na residência da suspeita, a polícia encontrou jalecos no nome de Sophia, com a descrição “Cardiologia fetal e pediátrica“, assim como receituários, medicamentos e equipamentos usados por profissionais da área da saúde, como estetoscópio.
Falso parentesco
Imagens compartilhadas pela suspeita em um aplicativo de mensagens mostram o que seria ela ainda criança e David Almeida. “Achei essas fotos aqui na vovó hoje e que lembrança boa. Nossa primeira campanha juntos”, disse Sophia.
Em outro registro, mais atual, a falsa médica escreveu: “Quase 30 anos depois, ainda juntos. Divergindo aqui e ali, mas sempre juntos. Não escolhi nascer numa família pública, nem todas essas responsabilidades que vêm com o meu sobrenome”.

O prefeito David Almeida negou qualquer relação com Sophia Livas de Morais Almeida. A informação foi divulgada pela Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom). “O prefeito de Manaus não possui qualquer parentesco com a suposta falsa médica, alvo da operação “Azoth”, deflagrada nesta segunda-feira, 19/5, pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM)”, afirmou a secretaria em nota.
Ainda de acordo com a Semcom, a foto que a investigada publicou nas redes sociais, como sendo ela criança carregada pelo prefeito, na verdade era uma imagem de David Almeida com a filha Fernanda Aryel.
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde e com o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) para solicitar um posicionamento. Não houve resposta até a publicação desta matéria.